Reorganização escolar: dúvidas e polêmicas

Glória Piletti

A reorganização das escolas do Estado de São Paulo em ciclo único tem causado polêmica e dúvidas nos profissionais da educação, estudantes, familiares e sociedade em geral. Protestos de professores e ocupação de prédios escolares por estudantes mostram a insatisfação de alguns grupos em relação à medida. A justificativa da Secretaria da Educação do Estado de São Paulo é que as escolas de ciclo único tem desempenho 10% superior do que as escolas que têm vários ciclos. Para eles, a reorganização vai colaborar com a melhor gestão das escolas e diminuir ociosidade das salas de aulas. A diminuição de alunos na rede também é um dos fatores que contribuiu com a ação que vai afetar 43% das escolas do Estado. Neste processo, 311 mil alunos serão realocados e 94 escolas disponibilizadas. Tais espaços, segundo a Secretaria, serão utilizados para a área de Educação.Por outro lado, professores temem não ter trabalho. Estudantes receiam a superlotação das salas. Familiares se preocupam com o deslocamento dos filhos para outras localidades. A comunidade e a mídia em geral não têm informações precisas sobre as mudanças e seus possíveis efeitos a curto, médio e longo prazo. Para o professor da Faculdade de Educação da USP, Ocimar Munhoz, esta medida também aplicada no final dos anos 90 nas escolas estaduais, não resultou em melhor desempenho. Ele explica que a evasão escolar pode ser um possível efeito colateral da medida. O desconforto dos estudantes e das famílias com o deslocamento também deve ser considerado (RBA, 04/11/2015).  Salas mais lotadas, menor vínculo com a comunidade, ambiente com menor diversidade podem refletir negativamente na educação dos estudantes. Enfim, a comunicação de um plano de ações pedagógicas que acompanharão a medida para buscar a melhoria da qualidade da educação não é clara e objetiva. Professores e estudantes reclamam que não houve diálogo. Toda mudança causa receio e resistência, por isso, precisa ser bem planejada e comunicada. Neste sentido, ainda é preciso avançar em relação às políticas públicas.

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Postado em 19, novembro, 2015