Solução para a cidade prejudica o campo

Produtores de Piedade são impedidos de irrigar a lavoura

Desde o dia 20 de outubro, os agricultores dos bairros Pires, Vieirinhas, Godinhos, Gurgel e Piraporinha no município de Piedade, foram afetados por uma decisão conjunta da Prefeitura e da SABESP, que estabeleceu um rodízio para a irrigação das áreas agrícolas. O objetivo da medida é garantir o abastecimento da população urbana da cidade.

Os agricultores que fazem sua captação no Rio Pirapora deverão obedecer a um revezamento, alternando a irrigação entre os dias pares e ímpares. O descumprimento implicará na lacração das bombas, o que já aconteceu com 200 produtores este mês.

O município está entre os grandes produtores de hortaliças do Estado e é responsável pelo fornecimento de hortifrutigranjeiros à CEAGESP, garantindo comida na mesa da população de São Paulo.

No entanto, na cidade, ainda não foi implantado rodízio ou racionamento no abastecimento, e o índice de perdas de água na distribuição chega à ordem de 44%, segundo dados do Plano Regional de Saneamento.

Um levantamento simples demonstra como os produtores serão afetados por esta medida. Para a produção de 1 hectare de alface, segue uma estimativa dos gastos:

  • Bandejas de mudas: R$ 2.925,00
  • Preparo do solo: R$ 600,00
  • Adubação: R$ 1.200,00
  • Mão de obra: R$ 5.400,00 (3 funcionários)
  • Irrigação: R$ 180,00
  • Defensivo: R$ 200,00
  • Custo: R$ 10.505,00

Em condições ideais, sem a ocorrência de nenhuma intempérie, a previsão é que esta área produza cerca de 3.120 caixas de alface, contendo 24 unidades. Dessa forma, calcula-se que o custo médio por caixa é de R$ 3,36.

No entanto, com a alteração no manejo da irrigação de uma cultura como a alface, altamente exigente em água, há uma estimativa de perda na produção de cerca de 40%, já que esta mudança induz a planta a estresse, fazendo com que ocorra falta de uniformidade na área plantada e até a morte das plantas. Sendo assim, considerando as perdas, o produtor deixará de colher 1.248 caixas, elevando seu custo de produção.

Além disso, esta restrição para irrigação impediu muitos produtores de plantar as mudas no campo, o que afetará a programação da produção, que atende às redes de supermercados e outros consumidores.

Enfim, quem arcará com os prejuízos do agricultor?

A SOS Itupararanga apresentou esta situação à Câmara Técnica de Proteção das Águas do CBH-SMT – Comitê da Bacia Hidrográfica dos Rios Sorocaba e Médio Tietê – para que as propostas de solução e as decisões sejam compartilhadas com todos os segmentos, afinal, todos estão sendo afetados pela estiagem e neste momento, devemos encontrar alternativas para atravessar esta crise, sem prejudicar o sustento do homem do campo.

 

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Postado em 28, outubro, 2014