Coisas de país do caixa-pregos

 

Claudino Piletti

A expressão “caixa-pregos” se diz de um lugar longínquo, um cafundó, um fim de mundo onde a civilização não chegou. Sinceramente, às vezes sinto-me vivendo num país do caixa-pregos. É o que deve estar ocorrendo com muitos dos leitores. Eis algumas razões:Em qualquer país civilizado do mundo, caixa dois é crime. Aqui, no entanto, deputados envolvidos em tal crime, que são a maioria, tentam, na calada da noite, fazer passar uma lei que os absolva.

Em todo o país civilizado do mundo, um tribunal de contas zela pelo bom uso do dinheiro público. Aqui, (no caso, o Tribunal de Contas do Rio de Janeiro), um Tribunal não consegue se reunir porque cinco de seus sete integrantes estão presos.

Um país civilizado tem rodovias transitáveis para escoar a sua produção. Aqui, (no caso a BR 163, que liga Mato Grosso a terminais portuários do Pará), quase 5 mil caminhões pararam em atoleiros por 20 dias, deixando cidades sem comida e água provocando perdas milionárias às empresas por não conseguirem embarcar soja no porto.

Num país civilizado há fiscais honestos que fiscalizam para evitar que se venda gato por lebre. Aqui, vende-se carne estragada, combustível adulterado, terrenos dentro do mar, respostas das provas de concursos e vestibulares e, até mesmo, lugares no céu.Um país civilizado cuida da saúde dos seus cidadãos. Aqui, é um “Deus nos acuda!”Num país civilizado há empregos para os cidadãos. Aqui temos quase 14 milhões de desempregados, sem contar os 10 milhões que desistiram de procurar emprego e viram como podem.

Governos de países civilizados escolhem, para realizar obras públicas, empresas que oferecem as melhores propostas em termos de custo-benefício. O daqui, opta por aquelas que oferecem maior propina.

Governos de países civilizados oferecem soluções para os problemas. O daqui, oferece mais explicações que soluções.Mas, não podemos ser pessimistas, pois há, em nosso país, algo que o coloca entre os países mais civilizados do mundo: a Lava Jato.

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Postado em 12, abril, 2017