Violência nas escolas: sinais que desprezamos ou ataques silenciosos?
Luiza Alves
O ano de 2023 está sendo marcado por uma onda de ataques de violência dentro das escolas. Esses ataques podem representar o grito de uma violência que silenciosamente foi ganhando espaço e que de alguma forma perdemos o controle (supondo que seja possível tê-lo). Mas a pergunta que mais nos intriga é: alguém é capaz de deter o ser humano quando este decide matar? Ao acompanharmos as reportagens logo após tais incidentes sempre ouvimos relatos de que o agressor dava sinais de que algo não estava bem: ou se tratava de uma pessoa muito introspectiva, ou algum antigo aluno vítima de bullying ou ainda adolescentes cujos pais não se deram conta de que o ódio é quem os motivava. O fato é de que os sinais estavam lá e passaram despercebidos – pela escola, pela família, pela sociedade como um todo.
Muitas outras questões estão atreladas a esses horrores, com toda certeza, como por exemplo a urgência da implementação de políticas públicas eficazes que promovam a segurança nas escolas. Contudo, essas mesmas políticas serão falhas se dentro delas o ser humano não for visto de forma singular. É preciso gastar tempo com diálogos, estarmos atentos para as condutas que caíram na normalidade (e não deveriam). As famílias precisam voltar a olhar para os seus, olhar e ver. Sim, porque há diferença entre olhar e ver: será que os pais e familiares dos autores desses ataques eram capazes de ver por trás das aparências emolduradas ou apenas olhavam – quase que por obrigação – e se limitavam a acreditar que tudo estava dentro do normal (pois assim é mais fácil). E não estou aqui de forma alguma culpando pais e familiares, afinal, enquanto educadores, quantas foram as vezes em que alguns alunos se tornaram invisíveis aos nossos olhos… não existem culpados, mas todos nós de certa forma podemos contribuir positiva ou negativamente na maneira como as histórias terminam. Sendo assim, somos todos responsáveis e nenhum de nós, por difícil que seja pensar no assunto, está imune de testemunhar – em pequena ou grande proporção – um ato de violência dentro da escola.