Velocidade da vacinação no Brasil: quando veremos efeitos positivos?
Por Ana Cristina Piletti
Após um ano da primeira morte por Covid-19 no Brasil, no dia 12 de março de 2020, batemos o triste recorde de mais de 2 mil óbitos em 24 horas, totalizando cerca de 280 mil mortos (G1, 12/03/2021). Com o início tardio da vacinação, contamos somente com 4,39% da população imunizada, sendo que menos de 2% destas pessoas receberam a segunda dose da vacina (Estadão, 11/03/2021). Neste cenário, quando veremos efeitos positivos da vacinação?
Sob o título “‘Brincando com Vidas’: o Plano de Vacinação contra a Covid no Brasil está mergulhado no caos”, em dezembro de 2020, o jornal The New York Times, destacou que as lutas políticas internas, o planejamento aleatório e a crescente do movimento antivaci-na atrasaram a imunização e tornaram mais catastrófico o contágio e a mortalidade pelo vírus no país.
Segundo especialistas, no ritmo atual de aplicação do imunizante no Brasil, consideradas as vacinas já compradas e a distribuição de 0,1 dose para cada 100 mil habitantes, para se atingir uma imunidade de rebanho, ou seja, 70% da população imunizada, seriam necessários aproximadamente três anos e sete meses e cerca de um ano e sete meses para que as taxas de óbitos comecem a regredir no Brasil. Por outro lado, se a intenção de compra de 138 milhões de vacinas anunciada pelo governo brasileiro em 04 de março se concretizar, a população estaria imunizada em torno de 203 dias e as taxas de óbitos começariam a regredir em 93 dias (VEJA, 11/03/2021).
Contudo, os problemas da imunização no país vão além da aquisição e da distribuição das vacinas, como revelou a mídia internacional. As novas variantes do coronavírus com transmissão mais rápida e agressiva, o colapso no sistema de saúde público e privado, a instabilidade política, a recessão econômica, a falta de isolamento social e o negacionismo científico agravam a situação da saúde pública e tornam os efeitos positivos da imunização ainda mais distantes.