Senador José Aníbal reafirma compromisso com Ibiúna, em entrevista exclusiva
O senador José Aníbal é considerado um ilustre morador de Ibiúna, onde possui chácara de veraneio. Por frequentar o município, onde tem propriedade, o político está sempre inteirado dos principais problemas da cidade e, como Senador da República, novamente ocupando a lacuna na ausência do titular José Serra (PSDB), Aníbal é um elo importante do município com os governos estadual e federal. O senador é um dos destaques paulista no Congresso, sobretudo por sua atuação nos principais assuntos debatidos na casa legislativa.
Na inauguração da creche-escola Dulce de Góes Freitas, o senador acompanhou o vice-governador Rodrigo Garcia (PSDB) – onde as autoridades presentes enalteceram o prestígio do senador. Em entrevista exclusiva ao VOZ, José Aníbal fala sobre os principais assuntos do cenário político, das projeções para 2022 e de seu empenho em ajudar Ibiúna.
VOZ: Qual a avaliação que o senhor faz da CPI da Covid no Senado Federal. Há elementos para incriminar integrantes do governo na condução da pandemia e até o presidente Bolsonaro?
JA: A CPI da Covid é o caminho certeiro para os brasileiros saberem os malfeitos, as omissões, aquilo que o governo deixou de fazer, provocando a tragédia de quase 600 mil mortes que o Brasil tem hoje. O episódio de Manaus foi um clímax. Centenas de pessoas morrerem por falta de oxigênio! O governo Bolsonaro foi incapaz de socorrê-las. O socorro veio da solidariedade dos brasileiros de todo o Brasil, inclusive do Paulo Gustavo, aquele grande ator, que logo depois morreu por falta das vacinas. De modo que a CPI vai cumprir, sim, um grande papel e com o que ela conseguiu recolher, depoimentos e informações, vai poder incriminar e responsabilizar, em primeiro lugar, o presidente da República.
VOZ: O senhor acredita que o presidente Bolsonaro corre risco de sofrer um processo de impeachment?
JA: Essa hipótese não está descartada, mas, de qualquer maneira, é preciso que haja uma mobilização maior da população a favor do impeachment e que o Parlamento se sensibilize mais com o fato de que nós vivemos um desgoverno. Um presidente que não trabalha, não faz reunião de governo, não delibera nada que vá colaborar para que os brasileiros melhorem as condições difíceis que estão vivendo hoje, meses de incerteza e medo, desemprego, falta de renda, corte de energia elétrica, inflação mais alta na comida, enfim, não se vê desse presidente uma palavra de solidariedade, de afeto, de compromisso com a nossa gente. Ele passa o tempo xingando, desqualificando, procurando rebaixar as instituições e, se deixar, querendo ser um tirano que não respeita as instituições.
As condições objetivas para o impeachment existem do ponto de vista dos atos já praticados pelo presidente. Agora, do ponto de vista da política, da mobilização da sociedade, é preciso que se avance nessa direção. De qualquer forma, é muito difícil imaginar Bolsonaro na Presidência até o final do seu governo. De qualquer maneira, eu não tenho dúvidas de que o governo dele termina no ano que vem. Bolsonaro numa disputa política eleitoral, com toda a transparência, sequer chegará ao segundo turno.
VOZ: Diante de uma crise institucional, entre o presidente e ministros do Supremo Tribunal Federal, dúvidas levantadas quanta a segurança das urnas eletrônicas e movimentos para intimidar parlamentares e juízes, a democracia no Brasil corre algum risco?
JA: Isso é um desejo enorme do Bolsonaro, inclusive agora com essas manifestações de 7 de setembro ele quer ver, sobre os mais diferentes pretextos, se a adesão da população a um projeto aventureiro de golpe é maior ou menor. Para mim não é essa a questão central. A questão central é que os brasileiros em número muito maior do que aqueles que vão se manifestar no dia 7, e sem ódio, sem rancor, sem um instinto antissocial, possam ir se manifestando cada vez mais, patenteando que a grande maioria, como as pesquisas já estão indicando, rejeita o governo Bolsonaro. E aí, certamente as condições para que ele se recupere na opinião pública, na sociedade, uma posição de disputa, chance de reeleição, essas condições não existirão. Agora Bolsonaro, pelo o que diz, com tanta tensão e agressão que promove, com os ataque as instituições, está abortando a retomada do crescimento da economia. O Brasil com Bolsonaro, não vai recuperar a economia de antes da pandemia. Ano que vem o crescimento previsto é pouco mais de 1%. Depois, sem ele, tenho certeza que o Brasil vai entrar num círculo virtuoso de crescimento e combate a fome, a pobreza e as desigualdades sociais.
VOZ: O senhor reassumiu o mandato como senador, porém pela primeira vez nessa gestão. Qual o seu posicionamento quanto ao governo? Pode-se definir como um senador da oposição?
JA: Totalmente de oposição a esse governo. Não há nada na agenda do Bolsonaro com o que eu me identifique. É uma agenda atrasada, retrógrada. Ele não coloca as questões que precisam ser enfrentadas para o país crescer. Ele só acusa, não explica as ‘rachadinhas’ dele e dos filhos, tenta transferir responsabilidades, e o que faz de fato é um desastre para o Brasil.
VOZ: No ano que vem encerra o mandato do senador José Serra. O senhor, como suplente, assumiu a vaga em duas ocasiões – como acontece agora. Quais são os seus planos pessoais para as eleições de 2022?
JA: Eu tenho planos hoje, sobretudo, para uma ação forte no Senado, procurar ajudar o Brasil a sair dessa situação. Realmente não faço aquele cálculo político de saber o que eu vou disputar ano que vem. Eu tenho muita preocupação hoje de como podemos fazer pra que algumas políticas públicas comecem a melhorar a condição dos trabalhadores, dessa gente que está na pobreza. Aí em Ibiúna mesmo eu acompanho isso, muita gente desempregada, sem renda nenhuma. A pobreza no Brasil se associa muito à fome, à total falta de condições. Então é preciso que os políticos se empenhem e não gastem seu tempo com agendas que só interessam aos próprios políticos, como coligações proporcionais, fundo partidário, fundo eleitoral, orçamento secreto. Isso vai na direção contrária do que os brasileiros precisam e é nessa direção de combater esses excessos e criar uma agenda virtuosa, uma agenda de resultados para a população, que eu vou me empenhar agora.
VOZ: O PSDB terá prévias para escolha do candidato a presidência do partido. O senhor já definiu quem irá apoiar nas prévias?
JA: Eu sou coordenador das prévias do PSDB. Tenho muita confiança que elas vão indicar um candidato competitivo, que vai unir o partido e apresentar ao Brasil ideias que vão ajudar o país a sair da situação que se encontra, sobretudo com foco nos milhões de brasileiros, nos 70/80% dos brasileiros que precisam voltar a ter esperança. Portanto, eu não posso declarar nome de candidatos se eu coordeno esse processo, eu espero que cheguemos ao melhor candidato.
VOZ: O senhor acredita que existe espaço no meio da polarização apontada pelas pesquisas, entre o presidente Jair Bolsonaro e o ex-presidente Lula? O senhor acredita em uma terceira via com chances de chegar ao segundo turno?
JA: Eu não acredito apenas, eu confio que vamos fazer isso, tenho certeza que o eleitorado brasileiro espera um candidato que não seja nem Lula nem Bolsonaro, com condições de despertar confiança, credibilidade e esperança de disputar e vencer a eleição.
VOZ: Com propriedade em Ibiúna há anos, o senhor frequenta com regularidade o município e pode ser considerado um ibiunense de coração. Como senador, o senhor tem tido interlocução com os políticos de Ibiúna? Quais são as principais demandas que são lhe apresentadas?
JA: Eu tenho conversado muito com os políticos da cidade, com o vereador Aladin, outros vereadores e com o prefeito. A minha disposição, e tenho procurado mobilizar outras pessoas que têm casa em Ibiúna, para que realmente compartilhemos esse propósito de colaborar mais com a cidade. Ibiúna é um lugar muito bonito, mas ainda tem a população com renda muita baixa. É orgulhoso dizer que Ibiúna é o maior produtor de alface do Brasil, mas o valor agregado da alface é baixo e os salários pagos também são baixos, temos que diversificar as atividades econômicas na Cidade, ter mais pessoas qualificadas tecnicamente e atrair investimentos. Promover o ensino técnico e tecnológico para nossos jovens. Eu estou muito envolvido com isso, com as questões do dia a dia, o hospital, por exemplo. Conversei com o vice-governador e nós vamos estimular uma dessas grandes organizações hospitalares a fazer uma radiografia da situação hospitalar de Ibiúna e uma proposta factível para que a qualidade do atendimento seja melhor, e que a administração seja transparente para as pessoas saberem exatamente onde o recurso está sendo empregado.
Estou empenhado na conclusão da Rodovia Bunjiro Nakao. É uma questão de segurança e economia, uma vez que o escoamento da produção de Ibiúna se dá todo por lá. Já houve o recomeço de uma das frentes, e eu espero que todas as frentes sejam iniciadas até o final de setembro e a obra concluída até o começo de 2022. É um direito de Ibiúna e eu estou lutando por isso junto ao governo estadual.
Além disso, há demandas do ponto de vista de estradas vicinais, da preservação do meio ambiente, do maquinário da prefeitura e outras. Nós estamos atuando em todas essas frentes e eu espero que os resultados apareçam logo.
Por último, vim a Ibiúna no dia 2 com o vice-governador, exatamente para a inauguração de um equipamento em que o estado colaborou muito, que é a inauguração de uma creche. Outras virão. Temos que ter todas as crianças em creches.
VOZ: Deixe uma mensagem aos leitores do jornal.
JA: A minha mensagem é de compromisso com a cidade, de afeto pela gente que vive em Ibiúna e pelo que podemos fazer, com a união de todos, para melhorar a vida, a esperança. Que seja uma cidade mais acolhedora para todos que vivem aqui, não só para aqueles que têm mais posses, que têm mais recursos, mas para aqueles que têm menos, trabalham, enfrentam desafios e necessitam de mais atenção e oportunidades para ter uma vida melhor. Contem comigo como parceiro para enfrentar e vencer os desafios.