Os descaminhos do governo Bolsonaro
Carolina Saito
A atitude do Presidente Jair Bolsonaro (PSL) em relação à pandemia do novo coronavírus é de descaso, ora fazendo piadas, ora proferindo frases que chocam pelo preconceito e falta de empatia e compaixão com a dor dos brasileiros que perderam familiares e amigos. Na semana passada, quando o Brasil atingia a triste marca de mais 180.000 mortos, Bolsonaro dizia que estávamos vivendo o “finalzinho da pandemia”. Sem falar da briga política que ele criou em torno da vacina, enquanto vários países iniciam a campanha de imunização da população. O negacionismo em relação à pandemia e às queimadas, que destruíram grande parte dos dois importantes biomas brasileiros, a Amazônia e o Pantanal, justificam em parte a inércia do governo para combater os problemas.
Bolsonaro está empenhado em defender os seus filhos, valendo-se do poder e da influência do Governo Federal. Em abril, demitiu o diretor-geral da Polícia Federal para ter acesso às investigações. Recentemente, contratou a ABIN (Agência Brasileira de Inteligência) para produzir relatórios para orientar a defesa do filho Flávio Bolsonaro, denunciado pelo Ministério Público por peculato, lavagem de dinheiro e organização criminosa. Carlos e Eduardo estão sendo investigados no esquema criminoso de fake news contra adversários políticos e Ministros do STF. O filho mais novo, Jair Renan, usufruiu de serviço gratuito de uma empresa contratada pelo governo para um evento de inauguração de sua empresa.
No último dia 11, atendendo os interesses do governo e da bancada evangélica, a Câmara dos Deputados deu um golpe na educação pública ao aprovar a regulamentação do novo Fundeb, que permite que os recursos da educação sejam repassados para as escolas privadas mantidas por igrejas e entidades filantrópicas. Dois dias antes, Bolsonaro anunciou que a Câmara do Comércio Exterior zerou a taxa de importação de revólveres e pistolas. Um paradoxo, menos recursos para a educação pública e armas mais baratas e acessíveis. É mais do que comprovado que só a educação liberta e salva da criminalidade os jovens. No dia 14, com a sensatez que o cargo exige, o ministro do STF Edson Fachin suspendeu isenção de tarifa para a importação de armas. E mais uma vitória, a oposição conseguiu nesta terça-feira, após intensa mobilização, que o Senado rejeitasse as mudanças no Fundeb aprovadas na Câmara dos Deputados .
O ano de 2020 está chegando ao fim com o país à deriva, desgovernado. Temos índices alarmantes de mortalidade pelo novo coronavírus, alta nos preços dos alimentos básicos e do custo de vida em geral, aumento das taxas de desemprego e de pobreza da população. A grande imprensa, que tanto contribuiu para colocar Bolsonaro no poder, começa a denunciá-lo. O que é um alento, uma força que se soma à oposição a um presidente incompetente e insensível aos problemas do povo e contrário os interesses nacionais.