Os ataques de Bolsonaro ao STF
Por Carolina Saito
O combate às fake news e o rigor das leis aos defensores de atos antidemocráticos pelos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) têm deixado o presidente Bolsonaro (PL) descontrolado. Atacar as instituições que não estão a seu favor é praxe no seu governo. Em abril, o presidente concedeu indulto ao deputado federal Daniel Silveira (PL), condenado por atos antidemocráticos e ataques aos ministros da Corte. Bolsonaro alegou que a punição foi muito severa e minimizou os crimes do deputado.
A medida em que as pesquisas eleitorais mostram a sua crescente desvantagem em relação ao ex-presidente Lula (PT), Bolsonaro reafirma a mentira que sistema eleitoral brasileiro e as urnas eletrônicas não são confiáveis. E foi justamente por propagar mentiras sobre as urnas eletrônicas que o deputado bolsonarista Fernando Francischini (União) teve seu mandato cassado pelo Tribunal Superior eleitoral (TSE) em outubro de 2021.
No início deste mês, o ministro Kassio Nunes Marques suspendeu a cassação do deputa-do Francischini, desrespeitando a decisão do TSE. A Segunda Turma do STF se reuniu e manteve a cassação do deputado por 3 x 2 votos (dos ministros Nunes Marques e André Mendonça, ambos indicados por Bolsonaro). Descontente com o resultado, Bolsonaro passou a atacar mais ainda o STF, principalmente, os ministros Edson Fachin, Alexandre de Moraes e Luís Roberto Barroso, acusando-os de quererem colocar a esquerda no poder.
O tom destemperado de Bolso-naro tem preocupado os seus alia-dos, que temem perder eleitores. Mas as falas agressivas tem sido marca dos bolsonaristas e seu líder, que defendem a liberdade deles para disseminar mentiras e destruir a reputação dos adversários. Pode parecer piada, mas o líder disse recentemente que “podemos até viver sem oxigênio, mas jamais sem liberdade”.