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Infância perdida, futuro em apuros!

Ana Cristina Piletti

Recentemente, o mundo ficou chocado com a imagem do menino sírio encontrado morto na praia da Turquia. Além de representar as inúmeras tragédias migratórias e o drama dos refugiados que deixam a sua pátria em busca de paz, a foto comove ao simbolizar a infância perdida de muitas crianças do globo. A infância é o período mais importante para o desenvolvimento social, afetivo, moral e cognitivo dos indivíduos segundo muitos educadores e psicólogos. É o período das primeiras vivências e, portanto, das mais marcantes experiências. Como conceito social, a infância está relacionada ao período da pureza, aprendizagem e ludicidade. No entanto, muitas crianças não desfrutam desta fase de maneira tranquila e feliz.  Basta atentarmos para alguns números. Em quase três anos de guerra civil, mais de 11 mil crianças morreram na Síria aponta relatório da Oxford Research Group (Terra, 24/11/2013). De acordo com dados da Unesco, 24 milhões de crianças no mundo nunca foram à escola (G1, 07/07/2015). Mais de 150 milhões de crianças vivem nas ruas alerta a Organização das Nações Unidas (ONUBR, 10/04/2015). No Brasil, há 5,6 mil crianças habilitadas para adoção. Todavia, a maioria não se encaixa no perfil desejado pelos mais de 30 mil casais ou pessoas interessadas em adotar, revela dados do Conselho Nacional de Justiça (Carta Capital, 08/06/2015). As “crianças são as mensagens vivas que nós enviamos a um tempo que não veremos” lembrou o ensaísta e advogado americano John Whitehead. Guerra, violência, medo, abandono, exploração e rejeição. Que tipo de marcas estes sentimentos deixará nestas crianças? São estas mensagens que estamos enviando para o futuro? Se, como diz os mais sábios, depois de bons hábitos, o melhor presente que podemos dar às crianças são as boas recordações, quais serão as boas lembranças que deixaremos para essas crianças? Infelizmente, os dados não são otimistas, mas essenciais para refletirmos sobre o nosso futuro e o valor das nossas crianças, tão vulneráveis quanto o menino encontrado morto na praia.

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