Brasil: quem te viu, quem te vê
Ana Cristina Piletti
O segundo turno das eleições presidenciais colocou o Brasil sob os holofotes internacionais. Estudo que avalia a imagem do país na mídia internacional revelou que, entre 24 a 30 de outubro, foram registradas 169 reportagens com menções de destaque para o Brasil, sendo 52% notícias com tom neutro, 35% de textos com tom negativo e 13% com tom positivo, sendo este resultado positivo acima da média registrada pelo instituto (Interesse Nacional, 31/10/2022). Por que o Brasil chamou a atenção do mundo? Quais foram pautas de destaque? Como a imagem do país no exterior impacta a nossa vida?
A busca pelo reconhecimento internacional faz parte da política externa de diferentes países para atrair investimentos, incentivar o turismo e fortalecer as relações comerciais no mercado globalizado. O respeito do governo às regras institucionais e a estabilidade política e econômica de uma nação são fundamentais na avaliação de investidores estrangeiros. A falta de confiança no país reflete na alta do dólar, que empurra a inflação para cima e reduz ainda mais o poder de compra do cidadão. Em março de 2020, por exemplo, o Brasil viveu fuga recorde de investidores estrangeiros, tendo o dólar uma alta de 4,07%. Uma semana após as eleições presidenciais, o dólar teve queda de 4,5%, sinalizando a retomada da confiança de investidores estrangeiros, que percebem no presidente eleito maior capacidade de articulação política (InfoMoney, 04/11/2022).
Além da questão econômica, as manchetes internacionais publicadas na semana do segundo turno destacavam os riscos que a vitória do atual presidente poderia representar para todo o planeta, em razão da destruição da Amazônia e do autoritarismo antidemocrático. O tom nas notícias ficou mais positivo na noite de domingo, quando a apuração apontava para a mudança de governo. Veículos como The New York Times, Le Monde, Público, China Daily passaram a publicar notícias de esperança na unificação do país e de um governo que torne a vida de todos melhor, reforçando ainda a qualidade e segurança das urnas eletrônicas brasileiras (Folha de São Paulo, 01/11/2022).
Os chefes de Estado da França, Estados Unidos, Alemanha, Espanha, México, Canadá, Rússia, Argentina, Austrália, China entre outros líderes mundiais também cumprimentaram o presidente eleito, reconhecendo sua vitória e legitimando a lisura do processo eleitoral brasileiro. Logo após a confirmação da vitória pelo Tribunal Superior Eleitoral, a Noruega anunciou que retomará os investimentos no Fundo Amazônia. O país, que contribuía com 93% dos recursos deste Fundo, suspendeu os repasses em 2019, em razão das mudanças nas políticas de desmatamento do governo de Jair Bolsonaro. Na expectativa do Brasil reforçar o compromisso com a questão ambiental, o presidente do Egito já convidou Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para participar da Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas – COP27.
Enfim, a imagem internacional do Brasil nos afeta porque impacta diretamente na economia externa e interna do país. As relações diplomáticas contribuem para ampliar convênios educacionais e culturais, bem como atrair investimentos em pesquisa, meio ambiente e políticas migratórias que permitam maior intercâmbio cultural. Os resultados das eleições presidenciais trouxeram um clima internacional positivo, mostrando que líderes e investidores estrangeiros acreditam que, a partir de agora, o Brasil não será mais o mesmo.