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Professores: uma classe em extinção?

Glória Piletti

Diversas greves de professores ocorreram, recentemente, por todo o país. Todas elas reivindicando melhorias salariais e melhores condições de trabalho. Mas, sempre com a mesma desculpa dos políticos de que não há dinheiro, não foram atendidas.Professores, em nosso país, são tratados a pão e água pelos governantes que, em tempos de eleições, o que mais prometem é melhorar a educação. E, como o nível de educação de nossa população é baixo, parece que a massa ainda acredita em tais promessas.É por essas e outras que, hoje, poucos pretendem ser professores. Uma pesquisa realizada há algum tempo e conduzida pela Fundação Carlos Chagas mostrou que os bons alunos não querem seguir o magistério. “Às vésperas do vestibular, os raros estudantes brasileiros que pretendem seguir a carreira no magistério estão entre os de pior desempenho na escola. Apenas 2% dos estudantes de ensino médio em escolas públicas e particulares do país cogitam seguir a carreira de professor” (Veja, 10/02/2010, p.87). E, de acordo com Bernadete Gatti, coordenadora da pesquisa , “sem atrair as melhores cabeças para as faculdades de pedagogia, o Brasil jamais conseguirá deixar as últimas colocações no ranking de ensino.” (Idem)Não há como atrair bons alunos para a carreira do magistério nas atuais condições de ensino no nosso país. Tanto que, alunos do ensino médio são desencorajados em casa a optar pelo curso de pedagogia. Isso não ocorre, por exemplo, em países onde o ensino prima pela excelência, como na Coreia do Sul e na Finlândia. Lá, não há dificuldade para atrair os melhores alunos para as faculdades de pedagogia. Aqui, aqueles que decidem seguir o magistério, são, com justiça, considerados herois.Heroismo, no entanto, tem limites. Por isso, no início de cada ano letivo, muitos desistem de lecionar. O principal motivo é a falta de condições de trabalho: salas lotadas, desinteresse dos alunos em aprender e baixos salários. Emblemática é a seguinte afirmação de um professor que desistiu ao final do primeiro dia de aula: “Vi que não teria condições de ensinar. Só uma aluna prestou atenção, vários falavam ao celular. E tive de ajudar uma professora a trocar os pneus do carro, furados pelos estudantes. Se continuasse, iria entrar em depressão. Não vale passar por isso para ganhar R$ 1.000,00 (mil reais) por 20 horas na semana.” (Edson Rodrigues da Silva, Folha de S.Paulo, 21/05/2011:C1)Por isso, é legítimo, a gente se perguntar: Professores: classe em extinção?

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