Prefeito cumpriu menos da metade das promessas de campanha em três anos de governo
O prefeito Paulinho Sasaki (PRD) completará três anos de governo no fim de 2023. O VOZ fez uma análise de todas as promessas que o atual chefe do executivo fez na campanha eleitoral de 2020. O documento foi entregue a Justiça Eleitoral e continua disponível no site do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Das promessas, cerca de 45% foram cumpridas total ou parcialmente; mais da metade, no entanto, estão apenas no papel, faltando um ano para concluir a gestão do atual alcaide. Entre os compromissos cumpridos, uma das principais promessas foi a instalação do Corpo de Bombeiros em Ibiúna.
No documento, foram 108 tópicos elencados. Na metodologia utilizada pelo jornal, para as promessas cumpridas foi contabilizado valor 1; promessas cumpridas parcialmente foi contabilizado valor 0,5; e 0 para promessas não cumpridas. No total, o prefeito cumpriu 30 promessas integralmente, o que corresponde a menos de 30% , e 22 promessas foram cumpridas parcialmente – o jornal contabilizou nesse item obras em andamento, como a Rodoviária e o teatro municipal. 56 promessas de campanha ainda não foram iniciadas.
Em 2020, Sasaki e Alexandre Bello (MDB – vice-prefeito) entregaram a justiça documento com promessas de que as escolas municipais seriam em tempo integral, o que não ocorre até o momento. Eles ainda iriam ampliar o Ensino de Jovens e Adultos (EJA), o que também não acontece. No entanto, é na educação que está o maior índice de promessas cumpridas: metade delas. Fornecimento de uniformes e materiais didáticos estão sendo realizados, bem como reformas das unidades escolares e creches. Já a construção da Escola Técnica Estadual (Etec) não saiu do papel; nem mesmo uma “lei” para premiar os alunos ‘destaques’ com bolsa em instituições da rede privada foi criada, apesar de ser prometida.
Na saúde, porém, está o maior percentual de promessas não cumpridas: criação do Centro de Saúde do Idoso e o da Criança não saíram do papel. Na campanha, Sasaki prometeu a criação de um hospital veterinário público, que também não se concretizou. Promessas mais simples, como mutirões de saúde itinerantes nos bairros, com médicos, dentistas e outros profissionais, cujo nome “Chegando Junto” foi até informado a justiça eleitoral, também não saiu do papel. O prefeito ainda prometeu equipamentos mais modernos no hospital e valorização dos profissionais – os mesmos reclamam das condições de trabalho; também prometeu a construção de uma semi UTI.
Por outro lado, ainda na saúde, as promessas cumpridas foram: nova frota de ambulâncias para o hospital e SAMU; reabertura da agência transfusional de sangue no hospital e ampliação da Casa da Gestante.
No setor de transportes, a reestruturação do terminal rodoviário – apesar da obra encontrar-se parada – é a principal promessa e deve se concretizar. Por outro lado, ampliação dos horários de ônibus, bilhete único, manutenção dos horários em períodos de férias e criação de uma linha entre Ibiúna a Alumínio, passando por Mairinque, estão só na promessa.
Outros compromissos: reduzir todos os contratos da administração – não é possível identificar. A construção de um parque aquático por meio de uma Parceria Público Privada (PPP), dando acesso a represa, também está só no plano de governo. Já na transparência, Sasaki prometeu transmitir ao vivo as licitações – o portal online das licitações está desatualizado, sem, ao menos, informar os procedimentos de compras da cidade. O prefeito também prometeu revisar o IPTU, que foi objeto de atualização em 2019 muito questionado na cidade. Na campanha, o plano de governo dizia: “Revisão do IPTU, que sofreu uma atualização totalmente indevida e precisa ser revisto”. O plano disse ainda que a administração iria concluir as obras da pista de caminhada na marginal.
Na agricultura, por ser do ramo, o prefeito prometeu implantar um entreposto agrícola no município, “uma espécie de mini Ceagesp”. Também prometeu construir uma escola técnica agrícola. Na segurança, uma sede própria para a Guarda Municipal ficou no papel, bem como a Delegacia da Mulher.
Apesar dos números, o prefeito disse que tem compromisso com o plano de governo protocolado na justiça eleitoral em 2020. “Tanto é que discordamos que apenas 1/3 foi concluída, fizemos mais que isso e temos ainda mais um ano de mandato pela frente, o qual muita coisa ainda será concretizada”.
Como de costume, Sasaki culpou as dívidas herdadas. “Infelizmente, como todos sabem, assumimos um município afundado em dívidas, em meio ao caos, com lixo para todo o lado e no auge da pandemia, conseguimos fazer muita coisa e vamos continuar progredindo. Porém, existem contratempos e não é possível fazer tudo em apenas 3 anos. Mas estamos trabalhando arduamente para fazer o que ainda falta”.
Apesar de 2021 o município ter alcançado recorde de arrecadação, o prefeito ainda se esquivou dos compromissos. “Conseguimos sim uma boa arrecadação. Mas como todos sabem, as dívidas que herdamos também foram exorbitantes e o que Ibiúna arrecada não é suficiente para que possamos fazer o que desejamos. Então tivemos que trabalhar com muita eficiência para colocar as contas em dia, o que não é uma tarefa fácil”, disse Sasaki.