Rumo à civilização e seus percalços: escândalos e comportamentos estemperados
Por Carolina Saito
Faltando menos de trinta dias para as eleições, o presidente Jair Bolsonaro (PL) usa as últimas cartadas para chegar ao segundo turno. Desde o início, prevendo a derrota, vem fazendo intensa campanha desacreditando as urnas eletrônicas, atacando o Supremo Tribunal Federal (STF) e seus Ministros e aventando um possível golpe. Chamou os seus seguidores a ocupar a esplanada dos ministérios na comemoração do 7 de setembro, evento que foi transformado em palanque eleitoral e de manifestação contra às instituições.
Diante da desvantagem nas pesquisas de intenção de voto e da popularidade decrescente, Bolsonaro e sua família estão acuados pelas decisões do STF como aquela contra as medidas para liberar a venda de armas e munições e pela repercussão da notícia de que o clã Bolsonaro possui 107 imóveis avaliados em R$ 13,5 milhões e que 51 deles foram comprados com dinheiro vivo. No ano passado, o seu filho, senador Flávio Bolsonaro (PL) comprou uma mansão de R$ 6 milhões em Brasília. Flávio Bolsonaro é investigado por desvio de salários de assessores quando era deputado estadual no Rio de Janeiro, no caso conhecido como ‘rachadinhas”. Bolsonaro e filhos não têm emprego ou outra renda oficialmente conhecida que não seja a dos cargos eletivos. Sendo assim, os seus rendimentos declarados não são suficientes para adquirir tantos imóveis de alto padrão.
O presidente Bolsonaro respondeu às perguntas sobre esses imóveis forma evasiva, falando dos negócios como uma compra qualquer. Bastou uma mulher, a jornalista, Amanda Klein perguntar sobre a origem do dinheiro empregado na compra desses imóveis para que ele agisse com grosserias. Recentemente, no primeiro debate dos candidatos à presidência da República, a jornalista Vera Magalhães também foi vítima das grosserias de Bolsonaro quando perguntava ao candidato Ciro Gomes sobre a sua política de vacinação. A repercussão negativa do ocorrido aumentou as buscas por imagens antigas quando Bolsonaro era deputado federal: uma agredindo a ex-deputada Maria do Rosario (PT), dizendo que ela não “merecia ser estuprada” e em outra defendendo em plenário a não cassação do mandante do assassinato da deputada federal Ceci Cunha, o suplente Talvane Albuquerque.
Num país no qual diariamente mulheres são vítimas de todo tipo de violência e feminicídio, atitudes misóginas não podem ser naturalizadas. Quem dirige o país deve ser exemplo de cidadão que respeita todas as pessoas, independente do sexo, da etnia, da religião, da cultura, da ideologia e das condições sociais, que respeita o meio ambiente e todas as formas de vida e as leis que as protegem. É hora de darmos um basta à destruição e voltarmos à civilização. O Brasil precisa voltar a ser respeitado internacionalmente.