Voto de protesto vale a pena?
A famosa frase do cantor e compositor Raul Seixas “Vote nulo, não sustente parasitas” nos faz pensar sobre o voto de protesto. Anular o voto, votar em candidatos excêntricos ou votar em branco como forma de demonstrar indignação com o sistema eleitoral, com a falta de opções de candidatos ou até mesmo com a situação política do país, hoje, pode ser considerada como uma forma de protesto. Mas, quais são os argumentos favoráveis e contras o voto de protesto?
Um dos principais argumentos daqueles que defendem o voto de protesto é que votar não deveria ser obrigatório no Brasil já que vivemos em uma democracia. Para eles, os cidadãos deveriam ter o direito de escolher sobre votar ou não votar. Como não há esta opção, utilizam o seu direito ao voto como uma forma de demonstrar insatisfação e incredulidade com a situação política atual.
Antigamente, o voto em branco era considerado válido e computado para o candidato com maior número de votos. Hoje, votos brancos e nulos não são considerados na contagem eleitoral, ou seja, não interferem nos resultados das eleições, demonstrando apenas uma forma de insatisfação do eleitor. Há também quem acredite que votar em candidatos excêntricos é uma forma de induzir a uma possível falência e desmoralização do sistema político brasileiro. No entanto, não parece ser uma decisão inteligente onerar a própria nação elegendo pessoas que o próprio eleitor não acredita ser um candidato idôneo.
Por outro lado, um dos principais argumentos contra o voto de protesto é que tal ação não traz nenhuma mudança significativa para o país demonstrando apenas descaso e falta de cidadania do eleitor. Ao invés de protestar ou não participar do processo eleitoral seria mais eficiente se os descontentes participassem do cotidiano da política brasileira. Acompanhar e manifestar a opinião ou indignação em relação a projetos de leis criados e aprovados e fiscalizar as ações dos políticos durante seu governo são atitudes efetivas que podem contribuir de fato com a política brasileira. Afinal “uma eleição é feita para corrigir o erro da eleição anterior, mesmo que o agrave” já dizia Carlos Drummond de Andrade.
Ana Cristina Piletti