Vereadores aprovam criação de CEV para investigar transporte de pacientes
Após diversas reclamações e indícios de irregularidades, os vereadores da Câmara Municipal de Ibiúna aprovaram na sessão de ontem (19) a criação de uma Comissão Especial Vereadores (CEV) para investigar o transporte público de pacientes no município. Apenas os vereadores Odir Bastos (PSC), Devanil da Ressaca (PMDB), Aline do Rosarial (DEM) e Israel de Castro (PSDB) foram contrários ao documento, que foi proposto pelo vereador Pedrão da Água (PRos). A criação da CEV é o primeiro passo para abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar o contrato firmado entre a Prefeitura de Ibiúna e uma empresa de Barueri, que segundo os próprios vereadores da base aliada, aumentou de valor, mas piorou o atendimento, com pacientes perdendo exames, cirurgias e até sessões de hemodiálise em hospitais da região.“Vendo a indignação da própria base aliada do Prefeito, resolvemos montar esta CEV. Já vínhamos fazendo requerimentos, reuniões e reivindicações sobre o setor desde o inicio do ano. Percebendo que tudo isso não adiantou, vamos montar esta CEV, uma vez que um serviço tão importante como este não pode continuar funcionando na precariedade”, justificou Pedrão.O vereador Carlinhos Marques (PT) ressaltou que na época em que o serviço de transporte de pacientes passou a ser terceirizado, em 2013 na gestão do então Prefeito Professor Eduardo (PT), o valor cobrado era de R$ 170 mil mensais. “Trocaram a empresa, os valores foram subindo e, atualmente, está na casa dos R$ 400 mil. Ou seja, um valor duas vezes maior, mas com mais menos carros rodando. O valor subiu e o serviço piorou. Diante disso e da reclamação do próprio líder do Governo, que acabou de dizer que o contrato está errado e o serviço está ruim, temos que criar esta CEV para ser o inicio de uma investigação. O que não pode é pagarmos por um serviço mal feito, com passageiros enfermos, que antes os carros iam buscar na casa, hoje precisam sair dos seus bairros para terem que ir 4 horas da manhã até o Fundo Social e, em alguns casos, pegar o ônibus e voltar só à noite. Isso é desumano e não podemos aceitar”, declarou Carlinhos.Por outro lado, apesar de concordarem que o serviço está sendo mal prestado e o contrato estar errado, os vereadores Devanil, Zaia e Aline disseram que votaram contra a proposta por achar que já existe a Comissão Permanente de Saúde e Assistência Social, composta pelos vereadores Jair Marmelo, Pedrão e o próprio Zaia, que pode fazer os mesmos levantamentos, sem a necessidade de a formação de uma CEV. “Tenho certeza que ser juntar todos os vereadores aqui e ir pressionar o Prefeito, a situação vai melhorar de imediato e de forma mais rápida que uma CEV, que pode demorar até três meses para ser concluída. Também podemos convocar através da comissão já existente o proprietário da empresa e ver o que está acontecendo. Regimentalmente, acho desnecessária a formação desta Comissão”, defendeu a vereadora Aline do Rosarial.Pedrão da Água enfatizou que com a formação da CEV será possível outros vereadores comporem a comissão e ampliar o debate sobre o assunto, buscando uma solução de forma urgente e imediata. “Sabemos que as respostas que vem do Prefeito não são satisfatórias, pois nos falam coisas que não são verdade. Queremos buscar uma saída para um problema que todos aqui, inclusive a base do governo mesmo admite que está grave. Não sei porque este temor de alguns companheiros, uma vez que a CEV irá vir para ajudar e jamais para atrapalhar, como bem disse o vereador Paulinho Sasaki (PTB). Ninguém quer fazer uma caça as bruxas, mas sim servir até como um norte para que juntos, encontremos soluções para os problemas. Hoje mesmo vimos várias sugestões aqui durante este debate. Vamos juntar tudo para acharmos uma saída. Agora se não fizermos isso, iremos virar as costas para o povo que nos elegeu”, finalizou o autor da proposta.Com a aprovação da abertura da CEV, caberá ao Presidente da Câmara Municipal, Dr. Rodrigo de Lima (PC do B) escolher os nomes e as funções dos vereadores que irão compor a comissão, que deverá ser formada por um presidente, um vice, um relator e três membros.Surgimento da CEVA proposta de criação da CEV teve inicio na sessão do último dia 5, com a reclamação sobre problemas no transporte de pacientes feita pelos vereadores Paulinho Dias (PR), Rozi da Farmácia (PV), Paulinho Sasaki (PTB) e até Devanil da Ressaca (PMDB), que é o atual líder de governo. Segundo os parlamentares, muitos munícipes perderam consultas, exames e até sessões de hemodiálise, principalmente no último feriado, porque motoristas foram demitidos da atual empresa que presta tal serviço à Prefeitura.Segundo Devanil, uma pessoa que ficar sem fazer a hemodiálise pode até morrer. “Eu mesmo já fiz este tratamento e sei que é fundamental fazer corretamente três vezes por semana. Se atrasa, a gente já passa mal e a sensação é horrível. Imagina agora a pessoa que tem que fazer, marcou o carro, mas na hora o motorista não aparece e não tem como ir. Isso pode levar a morte. Por isso, apesar de ser líder do Prefeito, tenho que concordar que o contrato está errado e não pode ficar como esta”, admitiu Devanil.O vereador Beto Arrais (PPS) disse que a atual empresa está com um contrato com um valor até maior que a anterior, que prestava o serviço na época do ex-prefeito Professor Eduardo (PT), mas que oferece apenas 40 carros e seis vãns, enquanto que a antiga disponibilizava até 80 veículos e recebia bem menos reclamações. “Alguma coisa está errada e precisamos investigar. Não vou ser conivente com coisa errada”, enfatizou o líder do PPS.