Uma eleição incerta para um país imprevisível
Carlinhos Marques
As principais agências de classificação de risco dos países em todo o mundo convergem quando o assunto é a imprevisibilidade do Brasil nos últimos anos. Um dos motivos é a constante crise política. Por esse quadro, provavelmente, o crescimento econômico do Brasil em 2018 estará muito aquém do previsto no início do ano. O PIB deve crescer abaixo de 1%, enquanto a previsão otimista era de 3%. O país imprevisível está há 03 meses das eleições gerais de outubro, quando brasileiros irão às urnas para escolher o presidente, governadores, o congresso nacional e as assembleias legislativas.
A imprevisibilidade aumenta quando analistas passam opinar sobre as eleições de outubro. Para o cargo de presidente da República, o favorito, segundo todas as pesquisas eleitorais registradas no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), é o ex-presidente Lula (PT), preso em Curitiba e condenado em segunda instância, portanto, inelegível para a eleição de outubro. Na última pesquisa do Ibope, divulgada semana passada, Lula lidera com 33% dos votos totais. O segundo, o deputado federal Jair Bolsonaro (PSL), soma 15%, enquanto a ex-ministra Marina Silva (Rede) chega a 7. O ex-governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), e o ex-governador do Ceara, Ciro Gomes (PDT) completam os cinco primeiros, ambos com 4%.
Os extremos lideram
Lula, considerado de esquerda, lidera com margem. O ex-presidente, no entanto, precisa de uma ajuda do Supremo Tribunal Federal (STF) ou Superior Tribunal de Justiça (STJ). Primeiro, para ser liberto do cárcere; segundo, para ter uma cautelar suspendendo a sua condenação. Se isso ocorrer até o registro de candidatura, ele estará apto a concorrer. Se não, resta saber quem o Partido dos Trabalhadores irá colocar na disputa: três são os principais postulantes, Jaques Vagner, ex-governador da Bahia, Fernando Hadad, ex-prefeito de São Paulo e o ex-ministro Celso Amorim. Testados em levantamentos eleitorais, Jaques Vagner e Hadad não chegam a 3% das intenções de votos na última avaliação do Ibope. Entretanto, quando a campanha começar, o candidato petista, com o apoio do ex-presidente, é apontado com um dos favoritos a estar no segundo turno.
Por outro lado, o deputado Jair Bolsonaro consolidou-se na vice-liderança. Nos cenários sem o ex-presidente, ele assume a dianteira com 17% das intenções de votos. O militar é considerado de extrema direita, sobretudo por seu posicionamento autoritário e suas declarações polêmicas sobre o combate à criminalidade, que inclui o armamento da população.
Sem Lula nas avaliações, os mais beneficiados são candidatos considerados de centro-esquerda. A ex-ministra Marina Silva e Ciro Gomes, que aparecem em segundo e terceiro lugar, respectivamente. Com os atuais cenários, a principal expectativa será saber qual candidato irá representar a esquerda no segundo turno: candidato do PT, Marina ou Ciro? O da direita, a presença quase certa, segundo as avaliações eleitorais até o momento, é de Jair Bolsonaro.
Centro
Entre os candidatos considerados de centro, Geraldo Alckmin é o melhor posicionado, mesmo com míseros 4% no último levantamento do Ibope. O tucano não empla-cou. Sem demonstrar potencial de crescimento, siglas tradicionais aliadas dos peessedebistas, como o Democratas, costuram uma aproximação a Ciro Gomes, enquanto PPS pode indicar o vice de Marina Silva. Pelas indefinições, sobretudo do PT, as eleições de 2018 ainda contribui para as incertezas do mercado e da economia, que vê os extremos com mais possibilidades de chegar ao segundo turno e com propostas de políticas econômicas consideradas retrógradas ganhando espaço no cenário eleitoral. Assim, a instabilidade aumenta no país das incertezas.