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Tirando o cavalo da chuva

Claudino Piletti

De acordo com as previsões da maioria dos economistas e cientistas políticos, ainda vai demorar muito tempo para a situação do nosso país melhorar. Por isso, por enquanto, só nos resta tirar nosso cavalo da chuva.

A expressão “tirar o cavalo da chuva” significa perder a esperança de conseguir algo. Para nós, a curto prazo, não restam muitas expectativas. Mesmo porque, segundo o filósofo Michael Sandel, a depuração da democracia brasileira depende de uma faxina ética. E, de acordo com ele, para promover tal faxina, “o Brasil precisa urgentemente conseguir atrair novos quadros para a política. Com os velhos políticos é impossível”. (Veja, 11/01/2017:17)

O filósofo tem razão, pois segundo o Evangelho, não se coloca vinho novo em odres velhos. E, nossos odres, ou seja, nossos políticos, além de velhos, estão mofados, carunchados, mal cheirosos, enfim, podres. Alguns, talvez, ainda tenham recuperação. Os restantes, no entanto, deveriam ir para a lixeira da história.

Não basta, porém, trocar políticos velhos por políticos novos. É preciso, também, a vigilância permanente da sociedade sobre os novos, caso contrário, tornar-se-ão iguais ou, até mesmo, piores que os velhos. Por isso, diz Sandel, “a população que se mobilizou contra a corrupção precisa continuar alerta e vigilante para discutir os problemas candentes, como saúde, educação e a qualidade dos serviços públicos”. (Idem)

Há, no Brasil, um notável e saudável impulso popular para a mudança. Faltam, no entanto, projetos. Aqueles que deveriam elaborá-los e apresentá-los, os nossos políticos, parece que têm um único projeto: perpetuar-se no poder. E, de preferência, continuar enchendo a burra à custa dos impostos pagos pelos burros. Oxalá, um dia, os burros deixem de ser burros. Ou, senão, teremos que dar razão ao escritor alemão Schiller (1759-1805), que afirmou: “Com a burrice os próprios deuses lutam em vão”.

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