Será que sua empresa anda conversando com o poste?
Na minha infância, sempre via um cidadão que, devido a uma deficiência mental, saía pela rua falando com postes, árvores, orelhões, como se fossem pessoas. Quem via se espantava por não ser algo normal. “Poste não ouve, poste não fala”, diziam. Entretanto, muitas empresas, associações, sindicatos, entre outras entidades, conversam com “postes”, “árvores”, coisas do gênero, sem se darem conta de que estão reproduzindo o mesmo ato de nosso amigo da introdução do texto.
A comunicação tem uma estrutura básica. Em um artigo de jornal, por exemplo, a mensagem parte do emissor (jornalista ou redator), que emite uma mensagem (o assunto de uma reportagem), por meio de um canal (jornal), que é recebida pelo receptor (você, leitor), que domina as chaves para a decodificação da mensagem (língua portuguesa). Se este jornal não chega até o destinatário final, não adiantam os esforços do jornalista para escrever uma grande matéria, já que não será lida.
Eu vejo muitas dificuldades de entidades civis organizadas de identificarem seus públicos de interesse, saber que meios de comunicação eles consomem (rádio, jornal, murais em ônibus ou comércio, internet, etc), bem como levar até eles assuntos pertinentes de forma eficaz. E isso é um prejuízo muito grande, pois a comunicação é imprescindível para o sucesso das organizações. Para ser forte e representativa, a entidade tem que atrair e conquistar pessoas. Simples.
Já vi informações sobre cursos oferecidos por uma entidade serem anunciados em carros de som pelas ruas do centro da cidade. Várias coisas me intrigaram: 1) A mensagem era destinada para pequenos produtores rurais; 2) A mensagem era enorme e, mesmo que eu tivesse algum interesse em seu conteúdo, não consegui identificar o que a entidade queria dizer por completo. Ou seja, sabia que era um curso para produtores rurais, mas não sabia quem promovia, a data, horário e local de realização, uma vez que só ouvi o meio da mensagem; 3) ainda que o texto fosse curto e eu fosse o público-álvo, seria insuficiente para que o meio me possibilitasse argumentos para me convencer, em tão pouco tempo, de que seria fundamental fazer o curso. Ou seja, neste caso o emissor, ou seja, a entidade, escolheu mal o meio e o canal de divulgação, elaborou a mensagem de forma equivocada e, por fim, não sabia se estava falando com seu público. Certamente não estava, estava falando sozinha, ou com postes.
A atitude correta seria profissionalizar a comunicação destas entidades. Hoje há empresas preparadas para identificar os públicos de interesse, compreender que canais estes se utilizam para se manterem informados, elaborar mensagens para que estes públicos possam decodificar com facilidade, criando uma comunicação viva e eficiente.
A informação tem valor. E este valor é muitas vezes subestimado. Se você é empresário, diretor de associação, cooperativa ou sindicato, experimente optar pela comunicação organizacional estratégica. Certamente, perceberá em pouco tempo que o preço que se paga por uma comunicação falha é infinitamente mais caro que o investimento em estratégias de comunicação eficientes, planejadas por profissionais habilitados.
Fernando Moraes