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Ser patriota, hoje…

Claudino Piletti

Hoje, em nosso país, onde os que deveriam ser exemplos de patriotismo o são de corrupção, é difícil ser patriota. Assim, quem se declara patriota, corre o risco de ser considerado um idiota. Além disso, ninguém pode ser patriota de barriga vazia. Ou, como disse o escritor Fernando Veríssimo, “não existem patriotas em filas do INPS”. E nem nas filas de desempregados em busca de um emprego.
Atualmente, aqui e no mundo todo, muitos jovens rejeitam a noção de patriotismo por considerá-la limitada e ultrapassada. E, inclusive, às vezes, a confundem com chauvinismo, isto é, um patriotismo exacerbado que despreza as outras nações.
Tal tipo de patriotismo tem sido considerado germe das guerras. Por isso, filósofos, cientistas, escritores e artistas contrapuseram-lhe o universalismo. Já o filósofo grego Sócrates (469-399 a.C), afirmou: “Não sou de Atenas nem da Grécia, mas do mundo”. E o escritor francês Lamartine (1790-1869), assim se expressou: “Alguém vê fronteiras no céu? Cada pessoa tem o clima de sua inteligência, sou concidadão de toda alma que pensa. A verdade é meu país”. Enquanto isso, para Léautaud (1872-1956), outro escritor francês, “a pátria principal é a vida”. Jules Roy, por sua vez, afirmou: “Minha verdadeira pátria é talvez a Via-Láctea, ainda mais que a terra”.
Mais terra-a-terra, aqui, a pátria com a qual sonha o faminto é comida, o doente com a saúde, o desabrigado com abrigo, o desempregado com emprego, e assim por diante. Por isso, para ser patriota, hoje, é preciso fazer algo para que esses brasileiros tenham sua sonhada pátria, pois, nosso país está longe de ser aquele descrito pelo poeta Casemiro de Abreu. Segundo ele, o Brasil “É uma terra de amores/Alcatifada de flores/ Onde a brisa fala de amores/ nas belas tardes de abril”.

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