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Ser criança não é fácil

Professora Mila Zeiger Pedroso

Segundo o Estatuto da Criança e do Adolescente (BRASIL, 2008), considera-se criança a pessoa do nascimento até os 12 anos de idade incompletos. No entanto, mais do que uma marca de idade cronológica, a infância é uma fase caracterizada por constantes transfor-mações.
A criança é um ser de potencial e de possibilidades, um ser ativo e inserido em uma rede de interação, é também um ser complexo, ou seja, para compreendê-la é fundamental ir além de suas características isoladas, sendo necessário vincular fatores emocionais, cognitivos, orgânicos, comportamentais, sociais, históricos, culturais e geográficos.
Garantir o direito de “ser criança” se torna cada dia mais desafiador…
Crianças intensas, falantes, inquietas, impulsivas, bagunceiras estão sendo caracterizadas com comportamentos indesejáveis, problemáticas, que precisam de tratamentos, muitas vezes medicamentosos. Desse modo, questões cotidianas estão sendo consideradas doenças, transtornos, distúrbios, e a procura por ajuda médica muitas vezes não oportuniza que as crianças aprendam a superar suas dificuldades de forma natural, colocando-a em uma posição passiva e em uma condição estática e determinante, representando um estreitamento de suas possibilidades e potencialidades.
A criança tem direito de construir sua própria personalidade, e, para isso, precisam de espaço, escuta, cuidados, atenção, carinho e proteção, pois a compreensão quanto aos seus limites e o discernimento para tomar decisões são habilidades em desenvolvimento.
A criança tem o direito de ser autêntico, de explorar o mundo, de se descobrir individualmente, sem pressões, de ser guiada e acompanhada, e não comandada, limitada.
Ser criança é ter o direito de brincar, correr, cantar, fantasiar, estar em constante movimento e ação. Mais do que tudo isso, a criança tem o direito de brincar, se divertir, explorar novos espaços dentro e fora de si mesma. Para uma criança crescer saudável e feliz, é preciso que sua integridade seja respeitada e encorajada, dentro e fora de casa, onde a família, o Estado e a sociedade atuam: seu espaço de desenvolvimento é o mundo e todos nós somos responsáveis.
Ser criança é o ato de florescer a todo momento, com a proteção e liberdade para explorar o mundo. É preciso conservar a essência, leveza e a alegria de nossas crianças.

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