“Se eu fosse você…”
Claudino Piletti
O fabulista francês Jean de La Fontaine (1621-1695) contou-nos a seguinte fábula: Certa rã viu um boi e impressionou-se com seu belo porte. Envergonhada com seu minúsculo tamanho, pretendeu encher-se de ar, até igualar o tamanho do grande animal, objeto de sua admiração. A rã, então, foi inflando-se, cada vez mais, até que sua pele, não mais resistindo, se arrebentou.
Nosso país está cheio de político que, envergonhado de seu tamanho, vai se inflando até se arrebentar. É o que ocorreu nessa última eleição com alguns deles. De maneira geral, falta-lhes uma virtude chamada humildade, que, segundo o escritor espanhol Cervantes (1547-1616), autor do famoso Dom Quixote, “é a base e o fundamento de todas as virtudes e sem ela não há nenhuma que o seja”.
Encontrar político humilde é missão quase impossível. É como encontrar agulha em palheiro. Nem a cadeia o torna humilde. E se o eleitor lhe pedir que seja mais humilde, talvez ele diga o que disse o boxeador Mohammed Ali diante do mesmo pedido: “Se você fosse eu, também acharia difícil ser humilde”. Ao que o eleitor poderia responder: “Se eu fosse você nocautearia os inúmeros políticos corruptos que proliferam em todas as instâncias da nossa administração pública”.