Saúde é um problema, mas médicos merecem confiança
Carlinhos Marques
O próximo dia 18 de outubro é comemorado o Dia do Médico no Brasil, além de países como Portugal, Espanha, Itália, Bélgica, Polônia e Inglaterra. A data é escolhida por ser também o dia de São Lucas – segundo a Bíblia, um dos cristãos do primeiro século, que também era médico. Mesmo sem ter convivido com Jesus, é um dos escritores do Evangelho que leva o seu nome, no Novo Testamento. No mês em que se comemora o dia dos médicos, um debate sobre a qualidade da saúde pública no Brasil volta à tona: o setor é o principal problema do país. Uma pesquisa do Instituto Datafolha, realizada em dezembro de 2016, encomendada pela Conselho Federal de Medicina (CFM), aponta que para 37% da população brasileira, a saúde é o problema crônico nacional. Supera a corrupção (18%) e o desemprego (15%). Para as mulheres, o percentual é ainda maior. 42% das mulheres consideram a saúde como o principal problema do país. Nesta semana, em outra pesquisa, o Datafolha divulgou a saúde como principal problema para 24% dos brasileiros.
Na contramão dos dados em que a saúde é considerada uma dificuldade, o médico é a profissão que conta com a maior confiança dos brasileiros, com 26%, superando os professores (24%), bombeiros (15), pastores (6) e padres (5). Ou seja, a saúde não está bem, mas os médicos merecem credibilidade. Para o presidente do CFM, Carlos Vital, os resultados revelam que a população reconhece que o mérito na rotina da prática médica “visualiza a perícia, a diligência, a prudência, a humildade e a compaixão dos esforços profissionais despendidos”.
Ao passo que confia nos médicos, segundo o boletim do CFM, de dezembro de 2016, esses profissionais têm sua atuação prejudicada por conta da falta de estrutura dos serviços do Sistema Único de Saúde (SUS), entre os fatores, apresentados pela pesquisa do Datafolha, está a corrupção na área da saúde, as precárias condições de trabalho, os baixos salários e a má gestão da saúde pública.
Outros fatores foram apontados com empecilhos para o trabalho dos médicos, como a falta de exames e acessos a tratamentos de alta complexidade, a falta de fiscalização dos hospitais e a falta de leitos de internação, entre outros problemas. Na avaliação de Carlos Vital, o problema da saúde está relacionado a má gestão dos recursos públicos na área. O presidente da CFM defende uma maior capacitação dos gestores municipais e um reajuste na Tabela do SUS, o que ajudaria os hospitais filantrópicos e santas casas, responsáveis por mais de 50% dos leitos públicos no Brasil.
“Ainda que a saúde não esteja como nenhum brasileiro deseja, os médicos merecem o nosso respeito e homenagem no dia 18 de outubro e em todos os demais dias do ano”.