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São Sebastião: festa da vida religiosa e da cultura

Quem visita Ibiúna no final de maio impressiona-se com a movimentação de seus moradores em torno da Festa de São Sebastião. Tal impressão é motivada por duas razões: o grande número de pessoas que se empolgam sobremaneira com as festividades e o fato de ser um evento em que a uma forte motivação religiosa associam-se manifestações de caráter cultural de seu povo, as quais apontam para uma tradição que, ano após ano, vai sendo fortalecida.
Do ponto de vista religioso, causa forte impressão a fé devotada a São Sebastião, que, de soldado romano, passou a ardoroso divulgador do ideário cristão, sobretudo porque não hesitou em deixar a própria vida consumir-se em favor do amor a Cristo e sua igreja ainda nascente. É curioso, por exemplo, que as festividades em torno do santo mártir do cristianismo sejam muito maiores do que as realizadas por ocasião da padroeira do município, Nossa Senhora das Dores.
É evidente que isso não acontece porque se devote menos fé e amor religioso à Mãe de Jesus Cristo, à sombra da qual se abriga o povo ibiunense em suas maiores necessidades. A festa em honra de São Sebastião explica-se porque, nele, no início do século XX, em um momento de angústia, trazida pela preocupação com a epidemia de violenta gripe que assolava a região, o povo encontrou um grande intercessor junto a Deus, o que teria permitido que, em terras unenses, não se registrasse nenhum caso do temível mal.
No que se refere ao aspecto cultural, animam-se os festeiros com a recuperação, muito forte durante os dias da festa, de sua paixão pelo campo, que, durante muito tempo, foi a grande fonte da economia do município, marcado pela produção de hortifrutigranjeiros. Considerando-se essa tradição é que se podem entender as centenas de cavaleiros, cavalos e vestes típicas que invadem as ruas da cidade na ocasião: além de, obviamente, formarem uma comitiva para acompanhar a imagem do santo no longo trajeto que separa o “sertão” da cidade, eles mantêm viva essa riqueza cultural do município.
Como se pode ver, não é sem razão que os ibiunenses aguardam com ansiedade a chegada do próximo final de semana, pois, nos dias que seguem, terão a oportunidade de manifestar sua alegria de viver de duas formas complementares: renovando a fé no Cristo e em seu Amor que nos fortalece, por meio do tributo a São Sebastião, e confraternizando-se com os amigos que, necessariamente, nos amparam ao longo desta caminhada terrestre. Assim, ecoando as vozes dos saudosos amigos Mafalda e Roque, permito-me concluir estas linhas: “Mês de maio? Todo ano tem… E Ibiúna está feliz? Viva, São Sebastião!”.

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