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Que falta nos faz um Freud…

Claudino Piletti

O jogador de futebol Fred, que esteve na Rússia com nossa seleção e, por ter se machucado, não jogou, nos fez falta. Tivesse ele jogado, talvez fossemos campeões.
Mas, na atual situação do nosso país, com doido saindo pelo ladrão, mais que um Fred, o que nos faz falta é um Freud. Refiro-me ao famoso psiquiatra austríaco Sigmund Freud (1856-1939), cognominado “pai da psicanálise”. Ele nunca jogou futebol, mas bateu um bolão no campo da explicação do comportamento humano. Tanto que, quando algo parece inexplicável, costuma-se dizer: “Só Freud explica”. Apesar de haver, em nosso país, muita coisa que nem ele explica, um Freud ou um outro bom psiquiatra nos faz muita falta.
Tanta falta que o ministro Gilmar Mendes, afirmou: “Não precisamos de corregedores, mas de psiquiatras” (Veja, 22/8/2018:31). Freud diria que tal afirmação revela alguém que precisa urgentemente de tratamento psiquiátrico, mas, por orgulho, não o faz. Diria, ainda, que o sujeito em questão compensa a impotência de libertar-se de recalques e frustrações, usando seu poder para libertar corruptos da prisão. O problema é que se ele e certos políticos deitarem no divã do Freud para uma psicanálise, dariam tal nó na cabeça do coitado que o fariam mudar de profissão.
Imaginemos, por exemplo, o temperamental Ciro Gomes deitado no divã e dizendo ao Freud: “Esse monstro que criaram ao meu redor não guarda a menor coerência com a minha vida. Eu sou um doce de coco, pode acreditar nisso. Agora um promotor de São Paulo resolveu me processar por injúria racial. E pronto. Um filho da puta desse faz isso e pronto. Agora medalhou geral”. (“Paranoico, com alguma chance de cura após completar 80 anos”, diagnosticaria Freud).
O cabo Daciolo leria ao ateu Freud um trecho da Bíblia e, em seguida, dir-lhe-ia: “O grande problema que a Nação está enfrentando hoje é a falta de amor”. (Freud diria ao cabo: “Além de ler a Bíblia, seria bom que lesse, também, outros livros”).
A Marina Silva diria ao pai da psicanálise: “O condomínio está cheio de lobo mau querendo comer o dinheiro da vovozinha”. (“Pobre menina”, pensaria Freud, “ainda não sabe que lobo mau come netinhas e vovozinhas. Quem come dinheiro é político corrupto”).
Meirelles, um tecnocrata de quatro costados, diria ao psiquiatra: “ Ao contrário do que muitos pensam, não se cria emprego no grito. É preciso competência. E isso eu tenho”. (Por isso é tão rico”, dir-lhe-ia Freud).
Jair Bolsonaro, que não acredita em psicanálise e, desconfiado das intenções de Freud, recusar-se-ia terminantemente a deitar, discutiria com o psiquiatra e sairia dizendo: “Não vim aqui bater boca com um cidadão desqualificado como esse”. (“Para este”, diagnosticaria Freud, “bater boca e bater continência é a única terapia”).
Guilherme Boulos diria: “O problema do Brasil são os 50 tons de Temer”. (Para Freud, tal afirmação, por remeter ao pornográfico livro “Os cinquenta tons de cinza”, revelaria um forte desejo de transar com Marcela, a bela esposa do Temer ou, até mesmo, com o próprio Temer).
E, Temer, confessaria: “Se eu for preso, meu medo é perder Marcela”. (“Por ser ela bem mais jovem e bonita que você, seu medo é normal”, dir-lhe-ia Freud).
O ex-presidente Lula, se autorizado a sair da cadeia para deitar no divã do Freud, diria: “Neste país, doutor Fred, pode ter igual, mas não pense que tem mulher nem homem que tenha coragem de me dar lição de ética, moral e honestidade. E, sabe doutor Fred, um dia haverá tantos Lulas neste Brasil que eles não conseguirão prender a todos. Eu não sou uma pessoa, mas uma ideia”. (“Paranoia sem cura no atual estágio da ciência”, diagnosticaria Freud.)
A ex-presidenta Dilma, exclamaria: “Nós temos a mandioca. Eu estou saudando a mandioca, uma das maiores conquistas do Brasil”. (Para Freud a palavra “mandioca” indicaria um intenso desejo sexual reprimido pela “pacienta”).
Um brasileiro desempregado diria: “Nesse país, doutor, enquanto alguns servidores públicos, além de altos salários, recebem auxílio-moradia, auxilio-paletó e auxílio- alimentação, muitos brasileiros estão desempregados, como é o meu caso, e, um número ainda maior, passa fome”. (Freud, então, concluiria: “Se tal é a situação do país é porque os principais políticos, pelo seu serviço, mereceriam o auxílio-papel higiênico”).

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