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Qual é a receita do ENEM?

O Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) realizado nos dias 26 e 27 de outubro de 2013 em 1661 munícipios brasileiros para mais de 5 milhões de estudantes, todo ano gera notícias e dilemas. Enquanto o Ministério da Educação (MEC) tenta aperfeiçoar esse processo a cada versão, os estudantes buscam desvendar a “receita” para obter desempenho superior na prova.

Nas versões anteriores, o Enem já apresentou erro de impressão em um dos cadernos, furto da prova na gráfica e adiamento do exame, boato de cancelamento, além de grávida que teve filho durante a prova em 2012. Neste mesmo ano, também ficou famoso o caso do aluno que, no meio da redação, resolveu incluir uma receita de miojo e obteve 560 pontos na prova. O garoto, de acordo com informações divulgadas na mídia, queria testar a eficácia da correção. Os critérios de avaliação do exame, no entanto, considerava que o estudante poderia fugir do tema sem que com isso, a redação fosse anulada.

Na versão de 2013, o exame foi mais rigoroso e contou com critérios mais pontuais para impedir tentativas de deboche, inclusive, indicando fatores para que uma redação receba nota zero. Um destes critérios inclui a fuga do tema ou a utilização de um trecho deliberadamente desconectado com o assunto proposto. Assim, a “receita” utilizada pelo aluno em 2012 não funciona mais para os participantes do exame atual. Certamente, a ousadia do aluno colaborou para aperfeiçoar o processo, porém, nos fez refletir sobre o descaso em relação ao processo de avaliação educacional e as tentativas intencionais de menosprezar tais instrumentos.

Como todo processo, a avaliação do sistema educacional brasileiro apresenta fragilidades, principalmente quando é realizado em grande escala. Neste ano, por exemplo, o foco das notícias não foi o exame em si, mas o comportamento das pessoas que o aplicaram em relação ao tratamento de candidatas transexuais.

Enfim, se não há receitas para os estudantes que participam das provas ou se estes podem criar receitas para coibir ou melhorar o processo de avaliação, também não há fórmulas mágicas para que o exame ocorra sem nenhum entrave.

Gloria Piletti

 

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