Colunistas

Promessas políticas: crer para ver ou ver para crer?

Como um juramento, a promessa é um compromisso que uma pessoa assume em relação a algo que pretende fazer. É a arte de criar expectativas. O filósofo alemão Friedrich Nietzsche dizia que “devemos ter uma boa memória para sermos capazes de cumprir as promessas que fazemos”. Também é preciso obstinação: “nunca se deve deixar de pagar uma promessa”, fala o personagem Zé do Burro, da obra “O pagador de promessas”. Portanto, prometer é um ato comum em certas épocas ou momentos da vida, principalmente, em períodos difíceis. Em tempo de eleições, por exemplo, somos bombardeados por promessas. Prometer tornou-se um hábito de políticos. Podemos dizer que as promessas florescem na medida em que os problemas da sociedade crescem ou aparecem.No ano de 2009, a Revista Veja reuniu e publicou uma relação de promessas furadas do mundo da política, ainda hoje presentes nos discursos de candidatos. Reduzir impostos; melhorar a segurança pública e o sistema carcerário; combater a corrupção; reduzir a desigualdade social; melhorar a saúde e a educação; aumentar o salário mínimo; criar mais empregos, entre outras promessas que, dificilmente, poderão ser cumpridas de forma satisfatória. Afinal, são problemas complexos que não podem ser resolvidos por uma política e plano de governo e sim por consistentes políticas e planos de Estado. Segundo o escritor americano James F. Clarke, “o político pensa na eleição seguinte; o estadista, na geração seguinte”. Desta forma, um governo não competiria com outro e sim colaboraria e daria continuidade para planos e trabalhos com princípios e objetivos de longo prazo. As promessas, neste caso, seriam mais plausíveis. Enfim, o fato é que por muito tempo e muitas vezes cremos nas promessas na esperança de vermos sua concretização. Logo, as constantes decepções tornaram os eleitores incrédulos e as promessas políticas viraram motivo de piadas e desconfiança. Os mais pragmáticos diriam: “Não prometa. Faça!”. Até o imperador Napoleão Bonaparte já alertava que “a melhor maneira de manter a sua palavra é não dá-la”. Em meio ao descrédito das promessas políticas é preciso transparência, propostas viáveis, ideias coerentes e resultados concretos. O lema não deve ser mais “crer para ver” e sim “ver para crer”!

Ana Cristina Piletti

Comments

comments