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Progressão Continuada: Vilã ou mocinha na história da educação?

A Progressão Continuada é o atual modelo de ensino da rede pública, e faz parte da complexa trama que envolve a educação. Ao discutirmos a respeito de educação, focamos (na maioria das vezes) nosso trabalho no processo de ensino-aprendizagem (como fazer a educação acontecer), o que não é um erro, pois é muito relevante compreendermos esse processo e todos os fatores que nele estão envolvidos bem como fazer com que ele de fato aconteça. O que falta então é a melhor compreensão do fator norteador da educação que é o direito de aprendizagem dos alunos (“por que” devemos fazer com que ela aconteça). É o direito de aprendizagem que está (ou pelo menos deveria estar) no topo dessa trama, afinal, todo e qualquer processo de ensino e aprendizagem tem que estar baseado no direito que aluno tem de ser realmente beneficiado por ele.
É nesse ponto que enquadramos a Progressão Continuada, que ao contrário da interpretação popular que a sugere apenas como um sistema com ausência de reprovas, o que ela prevê de fato é que ao final de cada ciclo de ensino o aluno tenha adquirido as competências e habilidades previstas, não havendo assim a necessidade da reprova; e aos alunos com dificuldade nesse processo seriam oferecidas as aulas de reforço, para que estes em nada fossem prejudicados. Olhando desta forma, a proposta parece interessante não é? Nesse ponto de vista, a Progressão Continuada previa uma educação de melhor qualidade. Mas temos as ressalvas… a educação não trabalha com um modelo único de aluno, família e comunidade, e unindo os fatores externos a educação aos fatores e falhas internos a ela, temos hoje um sistema que não consegue garantir plenamente esses direitos, e continuará assim, até que os órgãos superiores percebam que as falhas da educação não estão na falta de preparo dos profissionais mas sim na falta de recursos em que as escolas esbarram seu trabalho.
“Trocando em miúdos”: a educação buscava um sistema onde não houvesse a exclusão dos alunos por meio da reprova, mas conseguiu (ao meu ver) piorar esse quadro, quando nos deparamos com um número absurdo de analfabetos funcionais concluindo o Ensino Médio. Apenas mudamos a exclusão de dentro para fora das escolas, com uma diferença decisiva: dentro das escolas, o aluno têm sempre uma segunda chance, mas a sociedade e seu competitivo mercado profissional não pode esperar.

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