Pontos facultativos – mitos e verdades
Professora Luiza
O cenário das escolas públicas apresenta em grande parte de sua clientela crianças e adolescentes que são depositados por suas famílias nas referidas instituições. O verbo “depositar” traz uma série de significados, e entre eles, a realidade de pais e famílias que não estão de fato interessados no estudo de seus filhos, no desenvolvimento e evolução de sua aprendizagem mas buscam apenas alguém ou algum lugar que se responsabilize por essas crianças enquanto cuidam de outros afazeres. Essa afirmação se faz verdadeira se observarmos as listas de presença das reuniões de pais realizadas pelas escolas, ou ainda se conversarmos com professores a respeito do comparecimento dos responsáveis e familiares dos alunos no decorrer do ano letivo. Há muito já se discute a função que a escola acabou assumindo que é a de “educar”; acabou assumindo, mas não deveria, pois é no seio familiar que se deve educar uma criança. Por fim, temos que concordar que professores e funcionários de uma escola acabam assumindo diversos papéis que vão além de suas verdadeiras atribuições: pais, psicólogos, conselheiros, médicos, terapeutas…
Levanto a questão acima devido as muitas críticas que as escolas recebem quando se é decretado um ponto facultativo. Ouvimos todo o tipo de absurdos, como: professor não trabalha, onde vou deixar meu filho, queria ser professor para trabalhar pouco, entre outros e por isso, deixo algumas palavras de desabafo: gostaria de convidar a todos os que “acham” que o professor está descansando demais a refletirem sobre as dificuldades de ser professor, de assumir tantos papéis que não lhe pertencem, de dobrar a jornada de trabalho por salários mais dignos, de comprar com dinheiro de seu próprio bolso materiais diversificados para aulas mais elaboradas e de conviver todos os dias com o abandono das responsabilidades das famílias de muitos de seus alunos. E depois de se colocarem no lugar de um professor e se possível, fazer a experiência por alguns dias, criticar os pontos facultativos decretados pela administração de um município.