Perdas irreparáveis
Editorial
A cidade de Ibiúna está perto de completar 100 vítimas por conta do novo Coronavírus. A triste marca está muito além de um número – são 100 vidas ceifadas por conta da doença que deixou o mundo acuado, sem ter, um ano após seu início, uma solução definitiva para o maldito vírus. As vacinas estão contendo os números, mas ainda há mortos até em países com imunizações mais adiantadas.
Nos últimos 30 dias, foram 27 novos óbitos em Ibiúna. Ou seja, mais de 25% do número total de vítimas. No estado de São Paulo, o mês de março foi o que registrou, assim como na cidade, o maior número de óbitos: 15.159. Somente no estado, já são mais de 90 mil mortos. Os números, em queda na maior parte do mundo, continuam em ascensão no país. Estamos próximos dos 400 mil óbitos em decorrência do novo coronavírus em todo território nacional. Diante dos números, a fatalidade começa a ‘transparecer’ uma normalidade que jamais pode ser empregada a perda de uma vida. São 99 pessoas! Filhos que ficaram sem seus pais; esposos(as) que perderam seus companheiros; pais que ficaram sem seus filhos. Enfim, a dor e o sofrimento causados por essa doença não podem ser considerados, apenas, um número.
Diante do pior cenário, o governo estadual flexibilizou no fim da última semana as medidas de isolamento, com abertura parcial do comércio e previsão de abrir outros setores no dia 24. A medida, necessária para prover o sustento de comerciantes e funcionários do setor, é questionada por especialistas em saúde pública, que avaliam o momento como impróprio para qualquer flexibilização. O fato é que estamos em uma situação extremamente delicada: manter as pessoas em casa tem um custo que nenhum estado da federação, nem mesmo o Governo Federal, consegue arcar. O novo auxílio emergencial, que começou a ser pago nesse mês, é, na maior parte dos casos, menos da metade do que foi concedido no ano passado. Por conta dos efeitos econômicos da pandemia, muitos precisam expor-se ao perigo do vírus para não ser acometido pelo perigo da fome, do desabrigo e de tantos outros.
Mas, não se pode ignorar de que perdas de vidas são irreparáveis! O prefeito de Mongaguá, litoral paulista, se emocionou ao falar de seu pai e irmão, que morreram por conta de complicações da Covid-19. Pressionado por comerciantes para flexibilizar as medidas de isolamento, em uma live, o político desabafou: “Quero dizer para cada um de vocês que, como eu queria hoje, com a minha família inteira sendo do comércio […] sair dessa live e escutar do meu pai e do meu irmão assim: ‘Eu quebrei, o meu comércio quebrou’. Sabe por quê? Porque nós já quebramos, e com a vida nós conseguimos dar a volta por cima”, desabafou. Na transmissão ao vivo, ele continuou: “Infelizmente, por essa doença, eles perderam a vida. E não há nada mais precioso que a vida de vocês, mas principalmente, a vida de quem vocês amam”, disse, emocionado.
O distanciamento, o uso de máscara e álcool em gel não podem ser desprezados! Todo cuidado é pouco, diante da necessidade de buscar o pão de cada dia, na luta contra uma pandemia. Quando chegar a sua vez, vacine-se! A vacinação, comprovadamente, diminui o número de infectados e, consequentemente, de óbitos. Que os nossos governantes não poupem esforços e nem recursos para prover a vacinação com mais brevidade.
Uma boa leitura e até aproxima edição!