Para que servem deputados? Ou a quem servem?
Bem ou mal, podemos ter informações sobre cada candidato a presidente, a governador e, inclusive, a senador. Por serem relativamente poucos os candidatos a esses cargos ainda é possível saber quem são, o que pensam, o que fizeram ou deixaram de fazer e o que pretendem fazer.
Além disso, sabemos, mesmo não sendo com tanta clareza, para que serve um presidente, ou uma presidenta, e um governador. Já um senador, poucos sabem realmente para que serve e a quem serve. Em tese, é claro, todos deveriam servir ao povo.
Agora, a respeito dos candidatos a deputado, tanto estadual quanto federal, pouco ou nada é possível saber. Em primeiro lugar, porque são uma multidão de candidatos. Em segundo lugar, porque poucos eleitores sabem para que serve um deputado. E, em terceiro lugar, porque os deputados nunca dizem a quem servem. Uma coisa é certa: ao povo quase nunca servem.
É possível, no entanto, saber a quem, na prática, servem: primeiro, a si próprios, depois aos que lhes dão dinheiro para a campanha e, em seguida, ao partido. Só nas eleições, procuram servir um pouco aos eleitores.
Assim, se na teoria da organização política brasileira, os deputados são representantes do povo e, os senadores, dos Estados, na prática, eles não cumprem essa função. É por isso que, grande parte da população brasileira não se sente politicamente representado. As manifestações de junho do ano passado surgiram como reação a esta falta de representatividade. Só para recordar, eis o que diziam alguns cartazes naquela ocasião:
“O Congresso é nosso!”
“Filha estou aqui mudando o Brasil.”
“Brasil, vamos levar o protesto para a urna.”
“Isso é só o começo. Espera chegar as eleições.”
Enfim, as eleições chegaram, e com elas, chegou a oportunidade de fazer uma faxina no Congresso. Mas, com os candidatos que estão aí, é viável tal faxina? Ou, teremos mais do mesmo? Se tivermos mais do mesmo, serão necessárias novas manifestações? Mas, antes de pensar em novas manifestações, melhor é pensar dez vezes antes de dar o voto a algum candidato a deputado. Acima de tudo é preciso procurar saber quais seus interesses, seu grau de honestidade sua história, etc. E, depois, se for eleito, procurar saber o que faz ou não faz ou, em outras palavras, a que interesses ele serve. Se ele não serve aos interesses do cidadão, você descobrirá, mesmo que tardiamente, que votou em alguém que não serve para o cargo para ao qual foi eleito.
Glória Piletti