Editorial

Pandemia longe do fim

Editorial

2021 iniciou distante das expectativas projetadas no fim de 2020, que apontavam para um ano mais tranquilo e promissor, tendo em vista o início da vacinação e a possibilidade da contaminação do Covid-19 estar chegando ao fim. As expectativas, porém, foram frustradas e o início desse ano está com uma situação ainda mais crítica, batendo recordes diários no número de mortos no país, com os hospitais cada vez mais lotados e outros transtornos causados pela pandemia, como o comércio fechado, ocasionando demissões e outros prejuízos econômicos, cujos impactos terão resultados talvez por décadas.
A reconstrução da economia, embora árdua, ainda é possível projetar, mesmo que distante. Entretanto, as milhares de vítimas e famílias enlutadas não terão possibilidades de serem reconstruídas. Afinal, uma vida não tem preço; a dor e o sofrimento causado pela falta de um ente querido é algo que nem o tempo apaga, ainda mais nas condições que essa doença tem levado pessoas a morte.
Para agravar, novas variantes da doença estão surgindo no país atemorizando ainda mais a expectativa para a continuidade do ano. Afinal, não há certeza de que as vacinas contra o Covid-19 terão a mesma eficiência contra as novas cepas do Coronavírus. O cenário é incerto e tenebroso.
Nesse momento, achar culpados pelas mortes é leviano. Entretanto, há culpado por o Brasil estar atrasado na imunização das pessoas, o que faz com que o isolamento social seja cada vez mais necessário. O culpado chama-se Jair Bolsonaro. O presidente não pode se eximir do fato de não termos um plano claro de vacinação nacional, embora mais de 100 laboratórios no mundo já estejam produzindo vacinas contra a doença. A nossa taxa de vacinação é insuficiente para garantir que estaremos no fim de 2021 em uma situação mais confortável – ainda mais diante das variantes.
Mesmo que você seja um fiel defensor do presidente, é certo que não há como defender o fato de que em rede nacional Bolsonaro tenha afirmado que não iria atrás das vacinas, porque, segundo ele, os vendedores deveriam procurar o governo, afinal “o Brasil tem mais de 200 milhões de habitantes”. Total desconhecimento de uma regrinha básica de oferta e demanda, em um momento em que o mundo todo está atrás dos imunizantes. Se tivéssemos um percentual da população vacinada significativo, certamente, não estaríamos necessitando tanto de medidas drásticas de distanciamento. Por isso, manifestação no momento não deve ser contra as medidas de isolamento, mas contra um governo que demorou para agir por meio de sua diplomacia e Ministério da Saúde em busca dos imunizantes que poderiam já ter salvo milhares de vidas em nosso país.
Para acentuar a culpa do presidente negacionista, a farmacêutica Pfizer revelou que o governo brasileiro rejeitou a compra de 70 milhões de vacinas, em agosto de 2020, para serem entregues desde de dezembro passado, o que, certamente, poderia amenizar os impactos da pandemia que estamos vivenciando hoje. Certo é que, com tamanho desleixo por parte do presidente, a pandemia no Brasil está longe de chegar ao fim.
Uma boa leitura a todos e até a próxima edição.

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