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Pai herói…É o que dói!

Claudino Piletti

Esse negócio de pai herói, só mesmo em novela. Na vida real, é uma tremenda bobagem. Ou, como disse nosso escritor Guimarães Rosa, “herói é o que dói!”. E, parafraseando o célebre teatrólogo e poeta alemão Bertolt Brecht (1898-1956), para o qual é infeliz o povo que precisa de heróis, eu diria que é infeliz o filho que precisa de pai herói.
Na vida real, todo herói, inclusive o pai, acaba por se tornar um chato. Além disso, como já observou alguém, o culto do herói é mais forte onde a liberdade humana é menos respeitada. De resto, concordo com o escritor colombiano radicado no Brasil Mansur Chalita, segundo o qual acreditar que basta ter filhos para ser pai é tão absurdo quanto acreditar que basta ter instrumentos musicais para ser um músico.
Mas, entre o músico e o pai, há uma diferença: enquanto aquele é, geralmente, dono de seus instrumentos e cuida deles como tal, este nunca é o dono de seus filhos e, assim mesmo, deve cuidar deles como se o fosse. A propósito, o escritor libanês Khalil Gibran (1883-1931), ensinou: “Vossos filhos não são vossos filhos, são os filhos e as filhas do desejo da Vida por si mesma. Eles vêm através de vós, mas não são de vós. Podeis dar-lhes vosso amor, mas não os vossos pensamentos, porque eles têm seus próprios pensamentos. Podeis abrigar seus corpos, mas não suas almas. Pois suas almas vivem na casa do amanhã, a qual vós não podeis visitar, nem mesmo em vossos sonhos”.
Meu sonho é que todos os pais – heróis ou não – tenham um feliz dia dos pais. E, mais que isso: uma vida feliz. A propósito, no entanto, lembro o que disse o escritor francês Albert Camus (1913-1960): “O heroísmo é pouca coisa, a felicidade é mais difícil”.

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