Os políticos e os pobres
Claudino Piletti
À medida que se aproximam as eleições, nossos bravos políticos passam a lembrar e falar dos pobres. Mas, candidato falando de pobre, é quase sempre hipocrisia e demagogia barata.
Político, para ganhar eleição ou manter-se no poder, é capaz de tudo. Até tornar-se defensor dos pobres, da justiça social e da educação. E, como se sabe, alguns deles até merenda das crianças andam furtando. Só não se furtam de defender os pobres e atacar os ricos. Tudo jogo de cena, pois, na realidade eles não querem o bem dos pobres, mas os bens dos ricos. Por isso, à luz do dia, clamam pelos pobres e, na calada da noite, vão aos ricos em busca de polpudas propinas.
Em nosso país, em época de campanha, político em meio aos pobres sente-se tão feliz como um pinto no meio do lixo, diria eu recorrendo a uma metáfora criada pelo carnavalesco Joãozinho Trinta.
Não é à toa, portanto, que nenhum candidato gosta de aparecer conversando com rico. Tanto que o humorista americano Art Buchwald, indagou: “ Alguém já viu algum candidato a Presidente conversando com milionário na televisão? “
A propósito desse tipo de político, lembro da cena do Evangelho na qual Jesus estava na casa de um amigo e, então, entrou uma mulher com um vaso cheio de um perfume muito caro. Ela quebrou o vaso e derramou o perfume sobre a cabeça de Jesus. Alguns, porém, ficaram indignados e disseram entre si: “ Por que esse desperdício de um perfume tão caro? Poder-se-ia tê-lo vendido e dar o dinheiro aos pobres. Então, Jesus disse-lhes: “Deixai-a. Por que a molestais? Ela me fez uma boa obra; porque sempre tendes convosco os pobres e, quando quiserdes, podeis fazer-lhes bem; mas a mim não me tendes sempre”.
Tá na cara que esses tais que criticaram a boa obra da mulher e falaram em dar o dinheiro aos pobres, só podiam ser políticos. Se a mulher tivesse derramado perfume na cabeça de algum deles, diriam, como Justo Verissimo, personagem de Chico Anísio: “ Os pobres que se explodam!”
Políticos, ultimamente, ao invés de dar dinheiro aos pobres, o que mais fazem é tira-lo deles. O que é a corrupção senão tirar dinheiro dos pobres? Não é sem motivo, portanto, que o senador gaúcho Lasier Martins, demonstrando um pouco de dignidade e sinceridade, confessou: “Hoje nós temos vergonha de sermos políticos”. (Folha de S.Paulo 13/ 12/ 2017). O problema é que muitos não têm vergonha.