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Ocupar escolas: será a melhor solução?

Claudino Pilleti

Tornou-se moda estudantes ocuparem escolas em protesto contra a má qualidade do ensino, a precariedade das instalações e em apoio às greves dos professores. Isto está ocorrendo, sobretudo em São Paulo, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul. A propósito dessas ocupações, a primeira página do jornal Folha de S.Paulo de 26 de maio de 2016, mostrou a foto de alunos jogando videogame em uma das mais de cem escolas estaduais ocupadas pelos estudantes em Porto Alegre. No dia seguinte, no mesmo jornal, no Painel do Leitor, em sua carta a leitora Ana Maria Beghetto Pacheco, observou: “Parece fácil aos estudantes à ocupação de escolas. Difícil mesmo é fazê-los abrir livros em sala de aula, ler, escrever e respeitar professor. Sugiro trancá-los nas salas com livros. Capitulariam.” Não saberia dizer se ocupar escolas é a melhor solução para alertar sobre alguns problemas da nossa educação. Talvez até seja… Mas, gostaria de ver os estudantes, nessas suas ocupações, lendo ao invés de jogando videogame. Concordo plenamente, portanto, com a afirmação de que, se esses alunos forem trancados nas salas com livros, eles capitularão. E, se é difícil exigir que leiam, muito mais difícil é exigir que escrevam. Agora, querer que respeitem o professor seria, para eles, o cúmulo da caretice. É claro que tal critica não se aplica a todos os alunos. Há raras e honrosas exceções. Ler, escrever e respeitar, no entanto, é o mínimo que se requer de alunos que pretendem mudar os rumos da nossa educação. A propósito de ler, lembro que o poeta gaúcho Mário Quintana afirmou: “Os verdadeiros analfabetos são os que aprenderam a ler e não leem.” Pesquisas mostram que brasileiros, sobretudo os jovens, estão entre os que menos leem no mundo. Por isso, às vezes, como ocorre nesse momento, eu me pergunto: Por que escrevo se, para quem estou escrevendo, está tão ocupado em ocupar escolas e jogar videogame que não tem um minuto de tempo para ler? Se você for um dos que ocupa escolas e costuma ler ao invés de só jogar videogame, meus parabéns! Você é uma exceção.

 

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