Colunistas

O voto útil pode eleger um inútil?

Person voting

Ana cristina Piletti

Também conhecido como estratégico, o voto útil é aquele no qual, para derrotar o candidato que rejeita, o eleitor abre mão de votar naquele de sua preferência. A discussão sobre este tipo de voto é comum em eleições polarizadas. E este é o cenário na atual corrida presidencial no Brasil. Segundo pesquisa do Ibope, aproximadamente um terço do eleitorado brasileiro está propenso a dar o voto útil (O Globo, 19/09/2018). A questão é: quais podem ser as consequências do voto útil?
Entre os pontos negativos, no voto útil, as propostas dos candidatos passam para o segundo plano. Além disso, não se escolhe pela afinidade e sim pelas chances de se evitar a vitória daquele que se rejeita. Tal estratégia, no entanto, pode ser funcional, principalmente, quando parece ser a única alternativa para evitar um grande mal indesejável. Pode, porém, tornar-se perigosa, quando não se analisa os prós e os contras da escolha pragmática, especialmente, no momento em que ainda há outras opções.
É certo que o debate sobre o voto útil e a percepção dos eleitores como participantes deste jogo marca um momento diferenciado nas campanhas. Para os candidatos, serve de elemento mobilizador de um público que pretende fazer a diferença. Para o eleitor, todavia, é preciso analisar o contexto para além dos jogadores. Esta é a forma de evitar o enfraquecimento do debate político e fazer com que o voto útil não eleja um candidato inútil.

Comments

comments