Colunistas

O Massacre de Suzano: em busca dos culpados

Gloria Piletti

Os dois indivíduos que perpetraram o bárbaro massacre na escola estadual Raul Brasil, de Suzano (SP), estão mortos. Agora a polícia está atrás de outros culpados. Está em busca de culpados diretos, pois, indiretamente, nossa sociedade como um todo é culpada. E, certamente, boa parte da culpa cabe aos nossos políticos. Cabe sobretudo, aos maus políticos, isto é, aos corruptos e incompetentes. Se tivéssemos políticos melhores, nossas escolas não estariam na lamentável situação em que se encontram.
Adolescentes criminosos são fruto de famílias desestruturadas, de uma sociedade que não lhes oferece oportunidades de trabalho e realização e, sobretudo, de escolas sem condições de lhes dar uma boa formação. O educador inglês H.G.Wells (1886-1946), afirmou: “Entramos numa corrida entre educação e catástrofe”. Em nosso país, parece que a catástrofe está ganhando a corrida.
Ouvi entrevista de um professor que deu aula na escola onde ocorreu o massacre. Ele afirmou que, por falta de condições de trabalho e baixo salário, decidiu sair e ir dar aula numa escola particular. Segundo ele, diversos professores dessa escola fizeram o mesmo. Alguns, inclusive, mudaram de profissão.
Família, comunidade e escola constituem o tripé de fatores sobre o qual se constrói a personalidade de um indivíduo. Às vezes o funcionamento de apenas um deles pode ser suficiente para construir uma personalidade equilibrada. Mas, quando os três falham, o provável é que tenhamos indivíduos desequilibrados.
Para agravar a situação, há, hoje, os videogames. A propósito, os investigadores encontraram, ao lado do corpo de Guilherme, um dos jovens que cometeram o massacre, seu caderno contendo desenhos de fantasmas, máscaras de terror e armas. Duas páginas, que descreviam uma tática de videogame para um “ataque rápido” no qual o adversário ficaria “sem tempo para fazer muitas defesas”, chamaram a atenção da polícia. Vistos em seu conjunto, os elementos do perfil dos dois assassinos parecem ser isolamento social, bullying na escola, interesse por fóruns de ódio, fascínio por armas e fixação em jogos. Mas, se esses elementos explicam o massacre praticado, de maneira alguma o justificam. Compete à família e à escola fazer o possível e o impossível para que esses atos não se repitam.

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