Não haverá mais Organizações Sociais, nós faremos a gestão da saúde, diz Adal
Em entrevista ao Voz, o vice-prefeito Adal Marcicano conta sobre como foi assumir a Secretaria da Saúde e os desafios que já tem encontrado. Com dados na ponta da língua, ele diz que será melhor o setor ser administrado por equipe própria.
VOZ – Por que o senhor precisou assumir interinamente o cargo de Secretário de Saúde?
Fizemos vários convites, mas ninguém aceitou assumir a Secretária. Acho que devido à tamanha responsabilidade para tão pouco recurso, e também por acharmos que era o momento de fazermos uma gestão mais de perto e não transferi-la para terceiros.
VOZ – Quais foram os desafios encontrados?
Vários: Funcionários descontentes, atraso no pagamento dos médicos, falta de mão de obra em alguns setores, (como auxiliar de enfermagem), vazamento no telhado. A empresa não cumpria o contrato e não prestava contas, e o principal desafio de todos é que falta recursos para manter a estrutura funcionando.
VOZ – O senhor fez alguma previsão de gasto orçamentário quando assumiu a Secretaria de Saúde?Sim. Foi a primeira coisa. Quanto custa o hospital? De quantos médicos precisamos? Quantos enfermeiros? recepcionistas, e pessoal de limpeza e de quanto o nosso orçamento suporta? Onde podemos enxugar?
Hoje sabemos que só entre médicos, enfermeiros e auxiliares, o hospital custa em torno de R$ 1.700.000,00 por mês, sem contar laboratório, raio-x, cozinha, limpeza, lavanderia, medicamentos, recepção; Fora a rede básica, CAPS, Centro de Reabilitação, Centro Odontológico, Centro de Especialidades, etc.
VOZ – Ainda existe a rivalidade entre os funcionários contratados e concursados?
Acredito que não mais, até porque todos têm o seu valor e não podemos generalizar. O que peço a todos é comprometimento com o hospital e com a população, pois o trabalho deles é essencial manter-nos as portas abertas e quem não estiver com esse tipo de pensamento, vou substituir independentemente se é o contratado ou concursado.
VOZ – O senhor notou a presença de funcionários fantasmas ou super assalariados?
Sim, pois a maioria das OS (Organizações Sociais) incham a folha de pagamento para aumentar a margem de lucro. Caso não haja uma fiscalização rígida sobre o contrato, como vamos saber se o que consta na planilha é o que está no hospital? Podem colocar 20 auxiliares na planilha e no hospital ter dois.
VOZ – Qual é a quantidade de consultas atendidas por mês?
Em torno de 9.000 no PSA, 3.500 no PSI, 700 na Casa da Gestante e mais uns 500 a 600 na Ortopedia por mês, fora os atendimentos realizados no Posto de Saúde Central e bairros.
VOZ – Quais são as especialidades prioritárias no atendimento hospitalar?
Não temos uma especialidade prioritária. Temos que dar prioridade ao PSA, PSI, Maternidade e Rede Básica. Mas tudo depende de quanto temos para gastar; Saúde é muito cara.
VOZ – Quantos leitos o senhor pretende manter em funcionamento?
Hoje, o hospital possui aproximadamente 60 leitos e pretendemos manter nesta média. Tudo vai depender, como falei, de quanto o nosso orçamento suporta.
VOZ – Qual é a OS (Organização Social) que irá assumir o controle da Saúde?
Nenhuma. Nós mesmos faremos a gestão, apenas precisamos de uma empresa médica para regulamentar o pagamento dos médicos e enfermeiros, pois não podemos contratar pela folha de pagamento da Prefeitura, para não estourar o limite permitido por lei. Todo o departamento pessoal será organizado por um escritório de contabilidade de Ibiúna, e os pagamentos serão feitos de acordo com a nossa escala; a empresa receberá apenas uma taxa administrativa que ficara em torno de 5%. O resto dos serviços foram licitados separados um a um.
VOZ – Haverá novas contratações de médicos e de funcionários?
O corpo de enfermagem já foi trocado, como também alguns recepcionistas e farmacêuticos. Pretendemos agora fazer-nos uma renovação na parte médica, mas está muito difícil encontrar esses profissionais no mercado de trabalho, também devido a toda instabilidade política que o município atravessou. Ibiúna perdeu a credibilidade.
VOZ – A OS irá assumir a folha de pagamento, o setor de farmácia, laboratório, alimentação, entre outros?
Não, a empresa médica apenas irá repassar o salário dos médicos e do corpo de enfermagem. O restante dos serviços foram todos feitos em blocos separados, através de pregão presencial.
VOZ – Quais são as cirurgias que estão sendo realizadas no hospital?
Estamos realizando uma média de 60 a 80 cirurgias mensais, e as principais delas são: hernioplastia inguinal, cirurgia de varizes, hernioplastia umbilical, histerectomia total, colecistectomia, etc.