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Mudando o que precisa ser mudado

Ana Cristina Piletti

Embora seja uma festa cristã, o Natal é comemorado por pessoas de diferentes culturas e religiões. Talvez, o nascimento seja o ato mais representativo e a ideia que pode ser compartilhada por todos os que celebram a data.
Nascer, segundo o dicionário, é “passar a ter vida exterior no mundo” ou, ainda, “começar a dar sinal de sua presença”. O nascimento de uma pessoa, por exemplo, é um sinal de esperança e expectativa de um futuro melhor. É claro que uma criança é sempre uma mensagem otimista para o futuro. Mas, o adulto também o é enquanto não perder a sua capacidade de mudar e recomeçar. Para isso, é preciso aprender a olhar para além da sua própria janela, tal como ensina a seguinte história:
Pai e filho viajavam de carro por uma estrada, na tentativa de restabelecer o diálogo e o relacionamento a tempo desgastado. Logo, o filho desistiu de conversar com o seu pai quando este continuamente reclamava do feio riacho entulhado de lixo às margens da estrada. O filho, por outro lado, não via nenhum entulho no belo riacho que, para ele, conservava sua beleza natural. Passado um tempo, o filho teve a oportunidade de realizar o mesmo percurso sozinho. Ficou surpreso ao notar que havia dois córregos, um em cada lado da estrada. O córrego que tinha visto da sua janela, agora na condição de motorista do veículo, era tão feio e poluído quanto o descrito pelo seu pai (adaptado de Irvin Yalom, 2006).
Enfim, o nascimento representado pela época natalina parece oportuno para que cada um de nós perceba que recomeçar significa mudar. É como diz a expressão latina “mutatis mutandis”, ou seja, mudando o que deve ser mudado. Estas mudanças começam na forma de ver nossos relacionamentos e ações no mundo. Na maioria das vezes, há mais de um córrego na estrada e não será possível mudar se não olharmos pela janela do outro.

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