Manifestação em São Roque termina em conflito e prisão
A manifestação contra o uso de animais em pesquisas científicas do Instituto Royal, em São Roque, no dia 19, terminou em confronto com a Polícia Militar e a Tropa de Choque. Pelo menos quatro pessoas foram detidas e duas foram liberadas após pagamento de fiança. Dois jovens foram identificados como responsáveis por depredar uma viatura da Polícia Militar e veículos da imprensa. Eles foram indiciados por dano qualificado e ao patrimônio.
A manifestação, marcada pelas redes sociais, começou por volta das 10h, de maneira pacífica, inclusive com a presença de crianças e bebês de colo. Cerca de 700 pessoas, segundo estimativa da Polícia Militar, se aglomeraram no quilômetro 56 da Rodovia Raposo Tavares.
A intenção dos manifestantes era seguir até a entrada do Instituto Royal, que usa animais em pesquisas científicas para a indústria farmacêutica. O prédio do instituto já havia sido invadido por um grupo de manifestantes na madrugada de sexta-feira (18), de onde foram levados 178 cães da raça beagle que eram usados nos testes.
A maioria dos manifestantes segurava cartazes e gritava palavras de ordem contra o uso de animais em pesquisas. A polícia montou um cordão de isolamento para impedir que o grupo avançasse pela rua. Mas logo depois recuou um pouco a pedido dos manifestantes, que reclamavam por estarem próximos demais da rodovia.
Quando o primeiro cordão de isolamento se desfez, houve um princípio de confusão. Um pequeno grupo de mascarados tentou correr e passar o segundo cordão de isolamento, formado por homens do Batalhão de Choque, mas foi contido.
Enquanto líderes da manifestação tentavam negociar com a polícia a liberação de algumas pessoas para chegar até o instituto, outros manifestantes exigiam que o grupo forçasse a passagem pelo cordão de isolamento da Tropa de Choque. A tensão foi crescendo até que um grupo forçou o bloqueio e a polícia reagiu com disparos de bala de bocharra e bombas de efeito moral. A multidão se dispersou para a pista da Rodovia Raposo Tavares, que foi interditada.
Armados com pedaços de pau, pedra, grades de ferro e placas de sinalização, um grupo de mascarados começou a depredar uma viatura da Polícia Militar e um carro de imprensa e atearam fogo nos veículos. Outro veículo da imprensa foi depredado e incendiado minutos depois. Houve discussão entre mascarados e manifestantes, que tentavam, em vão, impedir o grupo de agir com violência e praticar atos de vandalismo.
A rodovia ficou interditada nos dois sentidos por mais de duas horas, até a chegada de mais homens da Tropa de Choque, que avançaram contra os manifestantes e afugentaram o grupo de mascarados.
Aos poucos, os ativistas foram deixando o local. O sentimento entre eles era de frustração. “A gente veio aqui pra protestar em paz. Mas aí vem esse pessoal da ‘Black Bloc’ que só quer saber de bagunça e atrapalha todo o movimento”, afirmou uma ativista que não quis se identificar.
Antes de deixar o local, os manifestantes se reuniram para discutir formas de organizar protestos futuros sem que os mascarados fiquem sabendo. “Quando eles estão no meio tudo termina em confusão e baderna. Nos estávamos negociando a entrada pacífica no instituto, como havíamos planejado durante a semana, mas foi tudo perdido”, lamentou outro ativista.
Entenda o caso
O protesto do dia 19 (sábado) foi marcado pelas redes sociais e tomou força depois que ativistas invadiram a sede do Instituto Royal na madrugada de sexta-feira (18).
A manifestação foi motivada por suspeitas de maus-tratos aos bichos no local. Os ativistas afirmaram nas redes sociais que a empresa pretendia sacrificar os animais. Manifestantes disseram que o laboratório tinha mais de 200 animais no local.
A Guarda Municipal da cidade informou que o protesto reuniu 120 pessoas, e que a maior parte invadiu o complexo após quebrar um portão por volta de 2h. A corporação confirmou que muitos ativistas levaram em seus carros os animais do laboratório.
Após o tumulto, as duas partes foram à delegacia e registraram boletins de ocorrência – os ativistas por crime ambiental e maus-tratos, e o instituto por furto. A empresa admite testes com animais, mas nega maus-tratos e diz que segue todas as normas governamentais sobre o assunto.
Fonte: G1.GLOBO.COM
Fotos: radiopovo.com.br, g1.globo.com