Colunistas

Luxo para todos

Querer luxo para todos, não é nenhum luxo… Isso porque, hoje, luxo é desfrutar de bens que não precisamos comprar. E, no entanto, trata-se de bens tão importantes que, ao lado do “Luz para todos”, deveria haver o “Luxo para todos”.O luxo, atualmente, reside em tudo o que se tornou raro: a autentica alegria natalina, a convivência com a natureza, a amizade sincera, a solidariedade, o silêncio, a paciência, a moderação, um trabalho interessante, uma ociosidade criativa, tempo e disposição para ler um bom livro e gosto pelas obras importantes da arte. Esses, e muitos outros, são bens que não se compram, pois não têm preço estipulado.É luxo, também, poder contemplar um bosque milagrosamente salvo da sanha dos  desmatadores,  respirar ar puro, acordar  ouvindo canto de pássaros –  livres na natureza, é claro; presos em gaiolas, não vale! – , alimentar-se de frutas e verduras sem agrotóxicos, estar livre  da poluição sonora e visual, dispor de tempo para curtir a família e, – luxo dos luxos! –  estar livre de preocupações.Oxalá pudéssemos seguir o conselho de Cristo: “Não vos preocupeis com a vossa vida, quanto ao que haveis de comer, nem com vosso corpo, quanto ao que haveis de vestir. Não é a vida mais do que o alimento e o corpo mais do que a roupa?  Olhai às aves do céu: não semeiam, nem colhem ,nem ajuntam em celeiros. E, no entanto, vosso Pai Celeste as alimenta. Ora, não valeis  vós mais do que elas?” (Mateus, 6,25-26)Mas, se Cristo pediu às pessoas que não se preocupassem e não criou o Bolsa Família, é porque queria que todos trabalhassem e produzissem alguma coisa, como faziam seus apóstolos, exceto Judas, que era corrupto . Cristo até mandou cortar e jogar no lixo uma figueira que produzia muitas folhas e nenhum fruto.Quantas folhas de papel produzem nossas repartições públicas e quão poucos frutos! Haja lixão para tanto papel! Sem contar as montanhas diárias de lixo que nossas cidades produzem. Assim, do jeito que as coisas andam, mesmo sem o programa “Lixo para todos”, é provável que, em futuro próximo, tenhamos lixo para todos e luxo para poucos.E, não precisamos esperar pelo futuro e nem ir longe, para verificar a quantidade de lugares, nesse nosso belo planeta, que eram um luxo da natureza e foram transformados em lixo por seus habitantes. Aliás, esse é um assunto sobre o qual nossos cientistas, filósofos e escritores não se cansam de escrever.O problema é que, hoje, o próprio ato de ler tornou-se um luxo. Por falta de tempo, interesse e hábito – sem contar as que não sabem ler -, as pessoas leem pouco. Escrever, então, nem se fala! E, escrever e ter quem leia o que se escreve, é o supra-sumo  do luxo. Por isso, leitor ou leitora, você é um dos meus maiores luxos. Obrigado! E que tenha o Natal mais luxuoso de sua vida!

Claudino Piletti

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