Editorial

Limpou, mas a mancha do batom ainda está lá

O prefeito Fábio Bello tem vencido o embate contra sua ficha suja em todos os órgãos e instâncias. A última foi por 6 votos a 0 no Tribunal Regional Eleitoral, ontem (03/10). E tem sido assim: quando não ganha, miraculosamente dá uma sorte danada de sua cautelar não ser julgada no Tribunal de Justiça em Brasília, o que poderia jogar um banho de água fria em suas pretensões de continuar prefeito. Mas as condenações estão aí. As rejeições de contas estão aí. Os processos estão aí. Os ofícios para devolução de quantias imensas aos cofres públicos, por obras mal executadas também estão aí.

A situação inexplicável pode ser comparada a de um homem que, antes de mostrar sua camisa manchada de batom para sua esposa, passa na lavanderia para apagar os rastros de seu desvio. Ao pegar a camisa, o dono verá que está limpa. Mas, se olhar com atenção, verá que os resquícios da mancha do pecado ainda estão lá. É o indício de que o crime foi cometido.

Juridicamente, até aqui, está tudo certo. Todos sabem dos problemas que o prefeito enfrenta, mas, sem julgamento, como diz o eterno político Paulo Maluf – que fez uma grande escola, diga-se -, não há condenação.

Mas o que esperar de um país em que político preso consegue participar de sessão em congresso, mesmo algemado? É o nosso Brasil.

 

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