Itupararanga apresenta risco real de desabastecimento
Por Viviane Oliveira
A queda acelerada do nível do reservatório de Itupararanga mostra que outras medidas deverão ser adotadas em caráter de urgência para que sejam garantidos o abastecimento público e a mínima qualidade da água, como também, a conservação deste importante ecossistema.
Mesmo a redução da vazão para geração de energia que passou de 6m³/s para 3,5m³/s praticada há pouco mais de um mês, ainda não é suficiente para a recuperação do reservatório, que está com pouco mais de 26 % do seu volume, e depende também da ocorrência das chuvas para elevar o nível de suas águas.
No entanto, o SAAE/Sorocaba, que é o segundo maior usuário das águas de Itupararanga, tem se apoiado em um discurso de que a situação não é tão grave assim e que somente a partir de 23 de setembro avaliará a necessidade de se adotar alguma medida em seu sistema de abastecimento público para o controle do uso da água na cidade de Sorocaba. O SAAE está apostando como solução para esta crise hídrica nas campanhas educativas e na ocorrência de chuvas ao longo dos próximos meses. As previsões indicam que as chuvas acontecerão muito abaixo das médias históricas, com já estão acontecendo desde o ano passado. Os usuários que fazem uso da águas acima da barragem já estão com suas captações ameaçadas, pois o nível do reservatório cai cerca de 10 cm por semana.
Enquanto o Comitê da Bacia do Sorocaba e Médio – Tietê, o Conselho Gestor da APA de Itupararanga, entidades, prefeituras, pesquisadores e comunidades estão engajados para a preservação da represa, o que o SAAE/Sorocaba está aguardando que aconteça para adotar medidas mais sérias para colaborar com a recuperação da represa? Lembramos que Itupararanga está a 10 m do seu volume morto, cota em que a qualidade da água apresentará ainda mais restrições para tratamento e distribuição para a população.
Salvar Itupararanga é uma responsabilidade que deve ser compartilhada por todos, sem privilégios, e com as medidas necessárias para atravessar esta grave crise hídrica que afeta o maior manancial da região.
A autora é diretora da ONG SOS Itupararanga