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Isolamento escancara outros tipos de violência doméstica

Na pandemia, mulheres relatam aumento de abusos psicológico e moral, previstos como crime pela Lei Maria da Penha

Se por um lado o confinamento realizado para conter a pandemia do novo coronavírus ajudou a evitar maior propagação da covid-19 no Brasil, por outro, trouxe como consequência o aumento da violência doméstica. A alta do feminicídio comprova que essa pode ser considerada como mais uma grave sequela da quarentena para o país. No entanto, o perigo nem sempre assume faces perceptíveis, como a agressão física ou o assassinato de mulheres. “Violências invisíveis” se intensificam nesse período e abrem precedentes para a subnotificação dos casos.
“Agora fica mais fácil de localizar o autor da violência e fica menos possível acreditar que a mulher caiu ou bateu com a cabeça na maçaneta. Por isso, os autores de violência estão investindo mais em violência psicológica, moral, sexual e patrimonial”, analisa a vice-presidente do Instituto Maria da Penha, Regina Célia Barbosa.
A organização, que presta serviço à mulheres vítimas de violência doméstica em Recife (PE), passou a fazer atendimentos online e estendeu o alcance para outros estados em virtude da pandemia. Regina relata que, dos casos que chegaram até o instituto, percebeu-se um aumento significativo em agressões que não sejam físicas desde abril. “De 100 casos, 80 reclamantes trazem essa questão”.
Aumento da violência doméstica na pandemia
O que se sabe é que desde o início do isolamento os registros de feminicídio cresceram. De março a maio de 2020 houve uma alta de 2,2%, se comparado ao mesmo período do ano passado. As informações são do último relatório do FBSP, Violência Doméstica Durante Pandemia de Covid-19, que antes havia apontado aumento maior ainda, de 22,2%, do feminicídio na pandemia entre março e abril. “Ainda assim, não podemos dizer que a violência letal diminuiu no último mês do estudo. Porque essa informação pode significar uma piora nos registros policiais”, pondera Juliana.
Um documento elaborado pela ONU Mulheres havia previsto que, em contextos emergenciais, casos de violência doméstica sobem no mundo todo devido a maior tensão no ambiente familiar.
Denuncia
Os casos podem ser denunciados em qualquer delegacia ou pelo Ligue 180. A ligação é gratuita e confidencial – preservando o anonimato do denunciante. Quando o crime estiver sendo cometido na hora ou acabado de ocorrer, o ideal é usar o Ligue 190 que aciona a Polícia Militar. O 180 é usado para denúncias de casos não emergenciais porque através dele se faz o encaminhamento da queixa, que não necessariamente precisa ser feita pela vítima, e não dá sequência a abertura do inquérito policial. O canal também oferece orientações e tira dúvidas.

Fonte: https://www.terra.com.br/noticias/brasil/policia/isolamento-escancara-outros-tipos-de-violencia-domestica,adcbfadbe51b3d7c368917e713f39b76fevb2nu7.html
Foto: Melanie Wasser / unsplash.com

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