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Família, professor e a violência

Gostaria de iniciar este artigo com algumas palavras de Augusto Cury:

“Bons alunos aprendem a matemática numérica, alunos fascinantes vão além, aprendem a matemática da emoção, que não tem conta exata e que rompe a regra da lógica. Nessa matemática você só aprende a multiplicar quando aprende a dividir, só consegue ganhar quando aprende a perder, só consegue receber, quando aprende a se doar.” (Augusto Cury em Filhos brilhantes, alunos fascinantes, pag.80, 2007)

E com estas sábias palavras indago um dos grandes problemas (talvez o maior) que a educação vem enfrentando: a constante inversão dos papéis escola-família na vida dos educandos. Nós precisamos do aluno que compreenda a matemática dos cálculos bem como precisamos que esse mesmo aluno seja dotado da matemática da emoção. Mas qual destes aspectos a escola deve de fato formar? Certamente, quando falamos em educação (dentro ou fora da escola) estamos nos referindo a seres humanos, e nesse processo mesmo a educação sistematizada está vinculada a emoções e sentimentos; porém, nos últimos anos, o cenário educacional apresenta sistemas de ensino “amarrados” na formação moral dos alunos.

Educadores, de um modo geral, precisam dedicar tantas horas do seu trabalho em função da orientação dos valores humanos, da ética e dos bons costumes, que pouco lhes resta para dedicar-se ao efetivo ensino dos conteúdos curriculares. De repente, nos vemos ocupando o papel de psicólogos, pais, enfermeiros, conselheiros, de certa forma até “amigos”, e o papel de professor mesmo acaba ficando como última opção. E por que nos submetemos a abraçar todos esses papéis? Porque ainda não descobrimos como fazer com que o aluno carente, que não encontra em casa o diálogo ou a amizade da família tenha interesse em aprender. Como convencer  alunos que não têm mais expectativas ou sonhos sobre a importância da educação? Enquanto as famílias forem deficientes como formadoras humanas, a escola terá deficiências enquanto formadora intelectual. A escola não pode mais assumir dois papéis.

Está na hora da família colocar-se mais significativamente na vida dos seus jovens. Os professores lavram o solo da inteligência, mas é dever da família lavrar o solo da alma, afinal, para ser transmissor de valores não é preciso diploma nem faculdade.

 

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