Editorial

Estamos perdendo a esperança

No último editorial deste periódico, o título “A espera de um milagre” trouxe a remota esperança que o brasileiro ainda tem no desenvolvimento econômico e social do país, diante do próximo pleito eleitoral, . No entanto, dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgados neste mês mostram que muitos estão perdendo a esperança, com base nos dados de que 3,3 milhões de brasileiros desistiram de procurar emprego, de um universo de 13 milhões de desempregados. Desde 2014, número de desalentados mais que triplicou no Brasil.
Tais dados refletem o desanimo de parte da população em buscar um meio de sobrevivência financeira. Um terço dos brasileiros desempregados atualmente sobrevive com bicos e trabalhos temporários, geralmente informais, mostra pesquisa do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL). Para 29%, o sustento vem da ajuda financeira da família ou de amigos, e 7% recebem auxílio do programa Bolsa Família. Apenas 2% utilizam poupança ou investimentos. O estudo, que entrevistou 600 pessoas nas 27 capitais, revela que a falta de trabalho provocou a queda no padrão de vida de seis em cada 10 brasileiros. Assim, os brasileiros tiveram de se reinventar e passaram a fazer trabalhos informais mais comuns estão serviços gerais de manutenções (21%) – como pedreiro, pintor e eletricista -, produção de comida para vender (11%) – como marmita, doces e salgados -, serviços de diaristas e lavagem de roupa (11%) e serviços de beleza (8%) – como manicure e cabeleireiro. A média de dedicação a esse trabalho é de três dias por semana. Essa periodicidade revela, segundo o SPC/CNDL, não apenas uma escolha, mas escassez de oportunidade, pois apenas 12% dos que fazem bicos consideram que está fácil conseguir esses trabalhos. O levantamento revelou, também, que 41% dos desempregados possuem contas em atraso, sendo que 27% estão com o nome negativado em serviços de proteção ao crédito.
Os débitos mais frequentes são parcelas no cartão de loja (25%), faturas do cartão de crédito (21%), contas de luz (19%), contas de água (15%) e parcelas do carnê ou crediário (11%). O tempo de atraso médio das dívidas é de quase sete meses, e o valor é de R$ 1.967,00, em média. Em relação aos hábitos de consumo, a pesquisa mostra que mais da metade (52%) dos desempregados brasileiros abandonou algum projeto ou desistiu da aquisição de um sonho de consumo por causa da demissão.
A grave crise econômica, que também afeta nossa cidade e reflete inclusive na publicação deste periódico, com páginas reduzidas por conta da receita, é um dos principais assuntos dos debates eleitorais entre os presidenciáveis. Ainda que muitos já perderam a esperança, é para, pelo menos, amenizar esta grave situação que o brasileiro irá escolher um candidato na eleição de outubro.
Uma boa leitura a todos e até a próxima edição.

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