Colunistas

ENEM: Pró ou Contra?

Glória Piletti

Desde sua criação o Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) provocou muitas críticas vindas tanto de entidades particulares como das públicas, pois elas passaram a ser avaliadas. Daí tem surgido entidades oferecendo vestibulinhos, orientação de carreira e ferramentas para apoiar e subsidiar as lacunas existentes nas instituições.
Essas entidades foram se engajando cada vez mais para oferecer oportunidade a todos os jovens de participar em ‘iguais’ condições. Recorrem as redes sociais para a descoberta de talentos. Utilizam-se dos facebooks, twitter, linkedin, fóruns, bate papos sobre as possíveis carreiras. Quem tem mais condições e é oriundo de escolas particulares acaba tendo vantagens. Essa minimização da desvantagem social fica bem clara quando entrevistamos alunos que, mesmo utilizando-se da gratuidade oferecida com foco em seu desenvolvimento profissional, ficam aquém daqueles que não possuem lacunas em sua aprendizagem anterior.
Entrevistando um aluno oriundo de escola particular fiz-lhe algumas perguntas sobre a realização deste ENEM (1ª etapa 2018):
P – Em sua opinião, quais os pontos positivos e negativos da prova do ENEM?
R – Há vários pontos positivos. Além de ser um bom termômetro para avaliar o ensino no Brasil, também, ajuda a “democratizar” o ingresso em universidades públicas através de programas do SISU e o PROUNI. Não consigo pensar em pontos negativos.
P- Você considera que as questões do ENEM estão abaixo, acima ou no nível do ensino médio em nossas escolas?
R- Depende muito, não frequentei escolas de ensino público. Nas particulares, o ensino já é direcionado ao ENEM e outros vestibulares. O ENEM possui questões fáceis, médias e difíceis. É difícil avaliar.
P- Você encontrou, no ENEM 2018, questões mal formuladas ou com respostas erradas?
R- A correção oficial ainda não saiu. Achei bem escritas, e os temas abordados muito interessantes.
P- Você considera que o ENEM é bem organizado? Que sugestões daria?
R- Acho que também depende das condições do local de provas. Mas, no geral, a parte da papelada parece bem organizada. Talvez o preparo dos fiscais deixe um pouco a desejar. Uma amiga me disse que os fiscais de sua sala ficaram conversando durante a prova.
P- As instalações físicas (espaço, iluminação, temperatura ambiente, etc) são adequadas?
R- Depende do local das provas selecionado.
P- Qual a sua expectativa ao realizar o ENEM?
R- Me encontrar profissionalmente e, ele me proporciona isso.
Mas, para o jornalista Leandro Narlock, “o ENEM não é uma prova de conhecimento ou de interpretação de texto, mas de paciência. É uma prova chata, que disfarça a limitação intelectual de seus autores (em geral, professores das universidades federais) com um proselitismo careta e politicamente correto”. (Folha de S.Paulo 10/11/2018:B6)
Segundo o citado jornalista, “só um candidato resignado ou muito paciente é capaz de aguentar tanto sermão a favor de um mundo melhor e das minorias, e um bom-mocismo tão repetitivo contra o preconceito. Pelos textos que o ENEM apresentou este ano, todos os problemas do mundo são causados pelo lucro e pela discriminação, e todos se resolverão por meio da tolerância e da agricultura familiar”. (Idem)
Na opinião de Narlock, “o ENEM é como um ritual de passagem do BOPE ou o trote de fraternidades americanas. Para ter o direito de entrar numa faculdade, o candidato precisa se submeter e suportar diversas humilhações”.
No caso do ENEM, precisa ler ‘Iracema’, encarar textos feministas desconexos, aceitar que agricultura intensiva (que salvou bilhões de pessoas da fome no último século) é malvadona. O ENEM é uma tortura legalizada pelo Ministério da Educação.” (Idem)

Comments

comments