Editorial

Em busca de uma nova vocação econômica

Editorial

Os dados divulgados recentemente sobre a Região Metropolitana de Sorocaba (RMS) mostram que o Produto Interno Bruto (PIB) – a soma de toda a riqueza da localidade – foi o quarto que mais cresceu no Estado de São Paulo no ano de 2022 (ao todo são 16 regiões). Sorocaba está, definitivamente, na rota dos investimentos no estado. A região acaba beneficiada como um todo e os municípios que conseguem aproveitar o momento estão sobressaindo na questão econômica, como o caso de São Roque, que beneficiado pelo acesso pelas rodovias Castelo Branco e Raposo Tavares, recebeu o Shopping Catarina, o aeroporto que leva o mesmo nome e ainda a Vila XP, o complexo econômico em construção que elevará ainda mais o patamar do município vizinho, com aumento do setor de serviços, já impulsionado pelo forte turismo da ‘cidade do vinho’.
Enquanto isso, Ibiúna ainda procura um setor econômico para ser o carro chefe da cidade, apesar de ter na agricultura seu principal meio de sobrevivência. Segundo os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), relativos ao ano de 2020, o PIB do município foi de R$ 2,2 bilhões. Do total, o setor de serviços correspondeu a 38%, enquanto a agropecuária 21% e a indústria 15%. O IBGE agora computa também o setor público que, em Ibiúna, correspondeu a 16,6% do PIB municipal. Apesar de agrícola, é o setor de serviços que detém maior fatia da economia local.
A vizinha São Roque teve um PIB de R$ 3,1 bi. Do total, o setor de serviços alcançou 56% de participação, o que mostra a força do turismo na cidade vizinha. A indústria deteve 18%. Além disso, o poder público de lá, apesar de ter maior arrecadação, tem menor participação econômica: 12%. O setor agropecuário corresponde a 1,5% do PIB.
Isso mostra, entre outras coisas, que apesar da importância da agricultura, inquestionável por uma avaliação empírica em Ibiúna, o montante ainda é insuficiente para tornar a economia local desenvolvida a exemplo de cidades vizinhas. O PIB per capita do município é de R$ 27,9 mil. Das cidades da região, a frente apenas de Piedade, com R$ 27,3 mil. O que essas duas cidades têm em comum: a dependência econômica da agricultura.
Cabe aqui salientar que essa não é uma crítica ao setor agrícola. De forma nenhuma. Se não fosse a pujança do campo a situação seria ainda pior; a constatação é de que sozinha, a agricultura não trará o desenvolvimento que o município necessita e algumas questões contribuem para isso: falta de visão política, de qualificação técnica e universitária, acesso ruim, energia deficitária e falta de incentivo aos investimentos.
É triste saber que, aqui, em média, nossa economia capenga como uma das mais frágeis da região, suscetíveis as mais débeis crises e com impacto que assolam o bolso do trabalhador, do campo e da cidade. Estamos em busca de uma nova vocação econômica, não para substituir a agricultura, mas para colaborar com ela a ponto de tornar a cidade mais desenvolvida. Enquanto isso sequer é discutido, contentamo-nos com a reforma da escolinha, do postinho, novo ‘asfaltinho’ e da nova ‘rodoviarinha’.
Uma boa leitura a todos e até a próxima edição.

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