Colunistas

Do VOZ que vai, da voz que fica…

Geraldo Vicente Martins

Quando a primeira edição do VOZ veio à luz, em 1º de maio de 1989, eu era um jovem inconsequente de 17 anos, mas já bastante afeito à leitura, de modo que apreciava todo material para isso que me chegasse às mãos. E foi uma grata surpresa receber aquele novo jornal, bastante diverso dos que circulavam pela cidade, com textos mais elaborados em torno da realidade local.
Ainda no seu primeiro ano de vida, fiz chegar aos responsáveis pelo jornal uma breve resenha cultural, logo acolhido e publicado. Foi o primeiro de muitos textos que encontrariam abrigo generoso nas páginas do VOZ, sobretudo alguns anos depois, quando recebi a tarefa de colaborar mais efetivamente com o trabalho de sua elaboração, tendo tido, inclusive, a honra de dirigi-lo por algum tempo.
Por meio do VOZ, muitas outras vozes, ecoando as necessidades de moradores de todas as regiões do município, da área urbana central até os bairros rurais mais distantes, tiveram a oportunidade de se fazer ouvir, conferindo à comunidade ibiunense um canal legítimo para a expressão de seus anseios democráticos, uma vez que não se fazia ali distinção entre as origens de seus moradores, ainda que, por uma questão de justiça, os mais simples sempre recebessem uma atenção maior de sua mentora, Júlia Tanaka.
Figura síntese e símbolo do VOZ, Júlia, sempre amparada pelo esposo, Jodi, conseguiu levar esse projeto por longos 35 anos, agrupando em torno do jornal figuras de importância para a história que se construiu, como os irmãos Claudino e Nelson Piletti, o Valdo, o Linense, a querida Irmã Denise e a Profa. Carolina Saito, para citar apenas alguns dos nomes significativos que mantiveram vínculos duradouros e profundos com o VOZ – bem sei que houve tantos outros e peço desculpas por não ser possível citar a todos no breve espaço deste texto!
Pude presenciar, durante boa parte desse tempo, o bem que o VOZ, sempre levado pela Júlia, proporcionou a Ibiúna e sua gente, razão pela qual acredito que inúmeros ibiunenses possuem boas razões para agradecer ao jornal; de minha parte, é sempre com gratidão mesmo que me lembro do VOZ e das oportunidades que ele me proporcionou ao longo de todo o seu tempo de existência. Assim, quando a Júlia me avisou que esta seria a última edição do jornal, senti um quê amargo na garganta e não pude conter a emoção, pois sei que uma parte importante de nossas histórias (a da Júlia e do Jodi, a minha, a da cidade…) se encerra; mas, ao mesmo tempo, invadiu-me aquela boa sensação do dever cumprido, pois, como disse antes, sei o quanto de boas realizações o VOZ proporcionou durante sua jornada. E é esse legado positivo, essa voz que permanecerá…

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