Do pódio às urnas
Ana Cristina Piletti
Final de Olimpíadas: a festa acabou, o povo torceu, o Brasil comemorou, e agora? O próximo grande evento que ocupará as notícias nos meios de comunicação são as eleições municipais. A pergunta é: escolher o candidato será tão prazeroso como torcer pelo Brasil?
A resposta vai depender do desempenho dos candidatos e de suas campanhas. Em relação às eleições do ano 2012, por exemplo, só na região Sudeste o número de candidaturas à prefeitura aumentou 145% de acordo com dados do TSE (2012, 2016). No entanto, um estudo do Projeto de Opinião Pública da América Latina, da Universidade Vanderbilt (EUA), mostrou que o Brasil ocupa a penúltima posição no ranking de respeito pelas instituições políticas entre 26 países da América Latina (FSP, 2016). Se, de um lado, aumentaram as possibilidades de escolha para o eleitor, do outro, a confiança nos atores políticos diminuiu. As informações negativas sobre a política brasileira têm afetado a imagem de toda a categoria e aumentado a desconfiança do povo brasileiro nos seus representantes. A mobilidade ideológica dos candidatos também deixa o eleitor preocupado. Políticos que mudam de partido como trocam de roupas demonstram que, em jogo, há mais interesses pessoais do que preocupações coletivas. O excesso de promessas e o vago discurso que na sua gestão “as coisas serão diferentes” não convencem mais. As pessoas buscam lideranças que apresentem um histórico de ações convincentes e não propostas de soluções milagrosas.
No caso das Olimpíadas, a crença nos atletas brasileiros fez a torcida vibrar, especialmente, porque percebeu o esforço e o trabalho de cada um para representar o país no pódio. Nas eleições, uma mensagem crível, uma proposta clara relacionada aos problemas do município e uma campanha transparente poderá sensibilizar o eleitor mais atento à situação política e social do país e da cidade. Com menos tempo e dinheiro para as campanhas, os candidatos precisarão aprender cada vez mais sobre preparação e trabalho de longo prazo para conquistar os seus eleitores nas urnas.