Do lixo ao exemplo nas eleições: a virada sustentável que pode gerar uma nova política
Fernando Moraes
Em meio ao lixo, sujeira, santinhos que tomam as ruas em épocas de eleição, uma luz (verde) no fim do túnel. Em Fortaleza (CE), o ambientalista Gabriel Aguiar (PSOL) foi eleito vereador com 30 mil votos usando folhas secas em vez de papel, escrevendo seu número no material biodegradável. Tomara que esta moda pegue!
A considerar que um candidato a vereador pretende ser um legislador municipal, em tese a gente não precisaria nem lembrar que o despejo de santinhos é crime eleitoral e sujeito a penalidades que podem incluir multa e prestação de serviços à comunidade. Mas, em cidades da região, e em Ibiúna não foi diferente, vimos o mesmo cenário de todas as eleições. Santinhos sendo jogados na rua sem qualquer preocupação sobre onde a sujeira toda irá parar depois. Crises hídricas, sanitárias, ambientais não se constroem sozinhas.
Não é à toa que a pauta socioambiental passa à margem da discussão política local, os próprios candidatos, alguns dos quais eleitos, que deveriam preservar a legislação, a ferem, mostrando que dão de ombros às mudanças climáticas, questão extremamente urgente.
Mas, como vimos com o vereador cearense, é possível pensar diferente daqui pra frente. Aqui, uma sugestão é que novos representantes públicos, tanto do Executivo quanto do Legislativo, conheçam a fundo e acompanhem de perto as demandas ambientais, lembrando que Ibiúna está dentro da Área de Proteção Ambiental de Itupararanga e concentra grande área do Parque Estadual do Jurupará. Temos compromissos sérios em relação a isso.
Alguns projetos e trabalhos socioambientais do município, como a ONG SOS Itupararanga, merecem atenção especial, pois promovem ações fundamentais, fomentando a educação ambiental e, por vezes, contribuindo de forma ativa com questões como saneamento básico na zona rural, onde a Sabesp não chega. É preciso que o poder público apóie!
Você pode não se preocupar com o meio ambiente, talvez porque não saiba que ele interfere em tantas áreas, que vão da saúde pública à questão sanitária. Ibiúna precisa parar de ser o município onde ainda há casos de raiva, de ser o município onde rodeios clandestinos são realizados à vista grossa das autoridades, de ser a cidade que ignora sua importância ambiental, de pensar só no agora e esquecer o futuro, as próximas gerações. De tanto pensar no agora, os últimos anos foram marcados por grandes retrocessos na área ambiental, com gestões descompromissadas com o papel fundamental que o município pode desempenhar.
Precisamos proteger nossa água, nossas florestas, nossa qualidade do ar. Precisamos retomar nossa vanguarda na agricultura orgânica e sustentável, oferecer condições, políticas públicas, educação, informação que proporcionem uma nova consciência. Assim, talvez nas próximas eleições a gente não veja novamente uma cidade tomada por lixo, como se não estivéssemos vivendo em meio a uma crise climática sem precedentes que pode comprometer a vida dos nossos filhos, sobrinhos, netos e de todos os seres vivos que os cercam. Quem ama, cuida!